Resumo de O Castelo de Vidro

Desde que aprendi a ler que os livros me fascinaram, e vou saltando de género literário de acordo com o estado de espírito do momento. Encontrei o Castelo de Vidro, pensei que seria um dos muitos livros que iria deixar a meio, não gosto muito da realidade dura e crua, como também não gosto de ficção científica. Mas este deu-me completamente a volta, tanto que o li em tempo recorde, tanto que acabei de o ler e tive vontade de escrever sobre ele.

Mais do que um romance, é a autobiografia de uma bem sucedida jornalista de uma revista Nova Iorquina, que comprova que por mais adversidades que se vivam, por mais atribulada que seja a vida, há sempre algo de positivo a tirar daí.

Cresceu no meio de uma família pouco convencional, inconformista, radical, com ideais de vida muito particulares. Filha de um pai brilhante e carismático, sem trabalho até porque a maioria do tempo estava alcoolizado e de uma mãe escritora e pintora, cheia de sonhos e “viciada em excitação”, incapaz de cozinhar, de arrumar, de dar um lar que se assemelhasse ligeiramente à ideia de que temos de um lar.

Mesmo vivendo como nómada grande parte da sua infância, sem casa, sem raízes tanto ela como os seus irmãos, duas raparigas e um rapaz, conseguiram equilíbrio para fazer e ser alguém na vida, tanto que só a mais nova não consegui uma carreira de sucesso.

Aquelas crianças nada tinham, no Natal raramente festejado a 25 de Dezembro, recebiam de prenda uma estrela, ou promessas vãs daquele pai alcoólico e jogador, que lhes despertava a imaginação, ensinava física e geologia e os ensinava a enfrentar a vida sem medos.

Esta maneira curiosa de viver, não significava de modo algum que os pais não gostassem dos filhos, ou que não estivessem atentos às necessidades dos filhos, mas eram incapazes de ter uma vida normal, o pai ficava extremamente triste quando não podia dar algo aos filhos, e a mãe aérea até dizer chega metia mãos à obra e ia trabalhar, era também professora e arranjar emprego para ela era facílimo. A normalidade não cabia na vida daquele casal e consequentemente coube aos filhos arranjar meios de subsistência, maneira de lutar contra a fome, o frio, a falta de higiene, tudo o que fazia com que as pessoas tivessem ou pena, ou nojo deles.

O que há de mais curioso neste livro e que Jeannette Walls, quando nos conta a sua infância e a sua adolescência, consegue arrancar-nos um sorriso, pela imaginação, humor e determinação com que ela e irmãos lutavam contra a adversidade. Foi uma autêntica luta pela sobrevivência, conseguiram manter-se unidos, continuar a amar aqueles pais, e criar meios para serem gente de sucesso.

Ela e os irmãos vão para Nova Iorque, estudam, trabalham, constroem carreiras sólidas, e os pais transformam-se em mais um número dos milhares de sem abrigo que povoam as igrejas, os metros, que fazem bicha na sopa dos pobres, e loucura das loucuras, a mãe de Jeannette, além de ter uma enorme casa em Phoenix, com baixelas de prata, porcelanas etc., é também dona de um terreno que vale um milhão de dólares, não era à toa que ficava ofendida quando eram alvos da caridade.
Deve ser esta a história de muitos dos sem abrigo, que existem cada vez mais em todas as metrópoles do mundo, não será a sua maneira de demonstrar que são desalinhados, que não concordam com a maneira de gerir este mundo global.

Este livro é uma lição de vida, faz pensar e repensar no que é necessário, no que é superficial, de como pode ser mais importante ter um castelo de vidro na imaginação, a 4 paredes bem isoladas onde não passe o frio, a chuva, o vento. È também uma lição de tolerância, de boa vontade, de compreensão de como tudo se pode ultrapassar, com amor, com muita vontade, com perseverança. Obrigada Jeannette por me ter aberto os olhos, desentupido os ouvidos, e por todos os outros sentidos, que tantas vezes deixa-mos adormecer.

Resumos Relacionados