Crepusculario
(Pablo Neruda)
Este foi o primeiro livro de Pablo Neruda . A pensão da
Rua Maruri, 513 foi seu primeiro abrigo em Santiago. Lá, inspirado
pelo pôr-do-sol defronte à sacada, escreve de dois a cinco poemas
por dia e termina, em 1923, seu primeiro livro:
Crepusculario, cuja edição é custeada por ele e por alguns
amigos. Pablo escreve mais de trinta livros depois desse, no
entanto a singularidade do momento é relatada por ele, assim:
Meu primeiro
livro! Sempre sustentei que a tarefa do escritor não é misteriosa
nem mágica, mas que, pelo menos a do poeta é uma tarefa pessoal,
de benefício público. O que mais se parece com a poesia é um pão
ou um prato de cerâmica ou uma madeira delicadamente lavrada,
ainda que por mãos rudes. No entanto creio que nenhum artesão pode
ter, como o poeta tem, por uma única vez durante a vida, esta
sensação embriagadora do primeiro objeto criado por suas mãos, com
a desorientação ainda palpitante de seus sonhos. È um momento que
não voltará nunca mais. Virão muitas edições mais cuidadas e
belas. Chegaram suas palavras vertidas na taça de outros idiomas
como um vinho que cante e perfume em outros lugares da terra. Mas
esse minuto de arrebatamento e embriaguez, com som de asas que
revoluteiam e de primeira flor que se abre na altura conquistada,
esse minuto é único na vida do poeta. (Confesso que vivi,
p. 53).
A vida
pulsante da capital vai sendo aos poucos incorporada pelo jovem.
Crepusculario patrocina a aproximação de estudantes,
boêmios, poetas e loucos. Certa loucura anda muitas vezes de
braço dado com a poesia. É tão difícil as pessoas razoáveis se
tornarem poetas quanto os poetas se tornarem razoáveis.
Resumos Relacionados
- Pablo Neruda
- Criação De Poeta
- Vinte Poemas De Amor E Uma Canção Desesperada
- Vinte Poemas De Amor E Uma Canção Desesperada
- Confesso Que Vivi
|
|