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Incidente em Antares
(Erico Veríssimo)

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Antares é cidade que não consta nos mapas. Numa sexta-feira 13, em 1963, morrem sete pessoas em Antares. Como os coveiros estão em greve, os defuntos passam a vagar pela cidade, vasculhando a intimidade de parentes e amigos. Devido a sua condição de fantasmas, podem fazer isso sem temer represálias. Eles decidem ir visitar os parentes e a amigos. Os mortos indagam como podem estar mortos se falam e têm memória. Discutem o que farão para resolver a situação de cadáveres insepultos em que se encontram e decidem marchar pela manhã até a cidade, protestando contra essa condição. Caso se neguem enterrá-los, ameaçarão o povo com a podridão.Decidem que cada um terá algumas horas para visitar sua casa. Depois, às 12 horas devem voltar para o coreto e sentar no banco à espera do advogado, Cícero, que irá buscar uns papéis em sua casa e entregá-los ao prefeito, intimando-o à realização do sepultamento. Caso não tome providências, ficarão apodrecendo ali, o que será muito prejudicial aos moradores. Ao amanhecer, os guardas de sentinela, aterrorizados, vêem os sete defuntos levantarem lentamente de seus caixões. Eles estão fazendo a visita às suas casas. D. Quita segue lentamente para a sala de jantar. Esconde-se atrás de uma porta entre aberta e fica ouvindo as quatro filhas e genros conversando. Discutem com quem ficarão as jóias da falecida e o que constará do testamento.De repente todos reclamam de um mau cheiro que toma conta do ar. D. Quita aparece, avisando que voltou para buscar as jóias. Joga todas as jóias no vaso sanitário, dá a descarga, ressaltando que elas foram herdadas pelo Rio Uruguai.O advogado Cícero Branco está em seu quarto e descobre que um homem está com sua mulher. Diz ao rapaz que já sabia da infidelidade da esposa e, portanto, não lhe causará nenhum mal. Vai ao escritório escreve algo e parte para o cartório do Aristarco que, ao vê-lo, fica a contemplá-lo. O defunto retira um envelope do bolso, perguntando se o notário reconhece a sua figura e pede-lhe que ratifique sua assinatura no documento do envelope e coloque a data de 10 de dezembro. Vivaldino Brazão, o prefeito, recebe notícias por telefone sobre a presença dos mortos na cidade. Não crê em nada do que lhe dizem. O dr.Cícero aparece e quer que Brazão descubra uma forma rápida de enterrá-los, dando-lhe quatro horas de prazo, ameaçando-o com o apodrecimento.Todos os mortos fazem as visitas combinadas.Toda a cidade se move em direção ao coreto. Uma comitiva, tendo à frente Vivaldino Brazão e Tibério Vacariano, vai para o encontro com o advogado dos mortos. No ar paira a podridão dos cadáveres. O prefeito começa a falar, dirigindo-se aos mortos, explicando-lhes que não pode atender o pedido, pois os grevistas cercam o cemitério. Os patrões também não estão interessados a dar o aumento solicitado. Pede que retornem a seus lugares e aguardem o sepultamento. Dr. Cícero Branco diz que a vida é um baile de máscaras. Pede que todos se aproximem, porque o que tem a dizer é de grande interesse. O mau cheiro já tomou conta de toda cidade e as pessoas protegem o nariz com lenços, algumas até vomitam.O morto também se inclui no baile dos mil disfarces e não esquece das autoras de cartas anônimas da cidade, as Balmacedas. Pouco a pouco, são revelados os fatos mais atrozes, perpetuados pelo grandes senhores e senhoras da cidade. Finalmente, Cícero encerra o encontro e todos se trancam em casa, enquanto os urubus voam sobre o coreto e os sete corpos apodrecidos.A cidade, três horas mais tarde, volta à vida. Há chamados para o médico, maridos que batem nas esposas por saberem que são traídos, mulheres que brigam com os esposos. Espalha-se o boato da peste, provocada por ratos que invadem tudo.Ao raiar do dia, vinte homens com os rostos cobertos por lenços dão tiros contra os urubus do coreto, atiram garrafas, pedras e tudo que podemcontra os mortos. Dr Cícero propõe o retorno aos caixões e eles se movem em direção ao cemitério cobertos por uma nuvem de moscas.Os defuntos são enterrados, enquanto ventos fortes varrem a cidade na direção da Argentina e repúblicas vizinhas, carregando o mau cheiro deixado pelos mortos na Praça da República e arredores. À tarde, chegam repórteres e fotógrafos de jornais de Porto Alegre e um cinegrafista da TV gaúcha. O prefeito pergunta-lhes se acreditam naquela história dos mortos. Sim, respondem, não foi o próprio prefeito quem telefonou lhes avisando do ocorrido?O prefeito conta que tudo não passou de um lance promocional.



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