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A arma da vigilânçia
(Adriana Dias Lopes (revista Veja))

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Há quatro anos a economista paranaense Helena Pereira de Oliveira convive com um tumor maligno no tórax. Ao receber o diagnóstico, ela foi informada de que, dados o tipo de câncer e o fato de ser incipiente, não seria necessário passar por nenhum tratamento. Bastava monitorar. No início, a economista sentiu-se desconfortável com a idéia de não atacar o inimigo, mas apenas observá-lo. "Eu queria quanto antes me livrar daquilo", conta. "É muito estranho você saber que tem um câncer contra o qual não é preciso fazer nada." Passados a surpresa e o desconforto, hoje, aos 55 anos, ela enfrenta a doença com confiança e serenidade. O tumor não avançou e a economista foi poupada da quimioterapia e suas reações adversas – náuseas, vômitos, diarréia, letargia, queda de cabelo, entre outras. Até pouco tempo atrás, um câncer só era deixado a seu próprio curso nos casos terminais, quando não havia mais nada a ser feito. Atualmente, pacientes como Helena são comuns nas clínicas e hospitais brasileiros. Eles estão sob a chamada vigilância ativa. A decisão de colocar um doente sob vigilância ativa obedece a protocolos rigorosos. Basicamente, a doença tem de estar em estágio inicial e deve ser de progressão lenta. O nódulo da economista Helena, por exemplo, foi diagnosticado precocemente e pertence ao grupo dos carcinóides, tumores que atacam as células produtoras de algumas proteínas e hormônios. Um carcinóide costuma passar anos sem sofrer nenhuma alteração de tamanho. Outros cânceres que tendem a se desenvolver vagarosamente são o de próstata e a leucemia linfóide crônica, associada a metade de todos os casos de leucemia. Sob vigilância ativa, o paciente é submetido de três em três meses, em média, a uma extensa e minuciosa bateria de exames, de modo a manter o controle da evolução da doença. Um homem com câncer de próstata tem de fazer repetidas dosagens de PSA e biópsias para medir a agressividade do tumor. Num paciente com leucemia, é rotina a análise da quantidade de plaquetas, estrutura básica do sangue responsável pela coagulação. Quando apenas um desses parâmetros se revela alterado, é sinal de que o câncer escapou ao cerco. Os médicos, então, partem para o ataque tradicional. A vigilância ativa é conseqüência direta do aperfeiçoamento dos métodos de diagnóstico e do aprofundamento no conhecimento sobre as características dos tumores. "Quanto mais dados obtivermos da biologia dos cânceres, mais seguro será incluir pacientes nesse monitoramento", diz Celso Gromatzky, chefe do departamento de andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia. Do total de novos casos de câncer registrados anualmente no Brasil, estima-se que cerca de 1,5% é passível de ser incluído nos protocolos de vigilância ativa – o que representa 7.000 novos pacientes todos os anos. Pode parecer pouco, mas há dez anos era metade disso. E a tendência é de crescimento. Mesmo com a segurança dos exames de controle, um grande número de pacientes reluta em se submeter à vigilância ativa. É compreensível. Para a maioria das pessoas, o câncer ainda representa uma inapelável sentença de morte – e, portanto, é inconcebível a idéia de ter um tumor maligno e simplesmente deixá-lo quieto. Um estudo conduzido por urologistas do Weill Cornell Medical Center, em Nova York, divulgado recentemente, revela um dado impressionante a respeito dessa dificuldade. Seis de cada dez homens com câncer de próstata optam pela cirurgia radical, mesmo quando poderiam escolher a vigilância ativa. "Quando proponho esse tipo de conduta, muitos acham que se trata de um artifício para esconder o que seria a sua má condição de saúde", diz o urologista Gustavo Cardoso Guimarães, do departamento de cirurgia pélvica do Hospital do Câncer. No momento de decidirem se um paciente está apto a ficar sob vigilância ativa, os médicos não devem levar em conta apenas a saúde física. Precisa ser avaliada também a sua condição psicológica. "Algumas pessoas ficam tão ansiosas em relação à doença que passam a associar qualquer desconforto físico, como uma dor de cabeça, com o câncer", diz a psicóloga Flávia Chwartzmann, especialista em oncologia do Hospital das Clínicas de São Paulo. Nesses casos, a vigilância ativa, que deveria representar um alívio para o paciente, transforma-se num verdadeiro tormento. Há um padrão usado na oncologia que serve para determinar se o paciente tem condições emocionais de lidar bem com o monitoramento. Os sentimentos negativos em relação ao câncer, como medo, depressão e ansiedade, não devem comprometer a rotina do doente por mais de três meses. José Altman, de 81 anos, teve calma e tranqüilidade suficientes para enfrentar o diagnóstico de câncer na próstata, em 2003. Quando o médico lhe sugeriu a vigilância ativa, ele não titubeou. "Eu já vi como um tratamento contra o câncer pode comprometer a vida de um homem", diz Altman. "Ter a opção de não fazer nada foi a melhor notícia que eu poderia ter recebido." O cigarro carimba o DNA Quando parecia praticamente impossível acrescentar mais um item ao já extenso rol dos malefícios do cigarro, eis que a ciência descobre que o tabagismo causa danos irreversíveis aos pulmões. Isso significa que, ao contrário do que se pensava, os ex-fumantes continuam sob um risco maior do que a média de desenvolver câncer de pulmão. A explicação para tamanho estrago está nos genes. É como se o cigarro carimbasse o DNA das células do sistema respiratório, promovendo uma alteração genética indelével. A descoberta foi feita por pesquisadores do British Columbia Cancer Research Centre, no Canadá, e publicada na revista científica BMC Genomics. Seus resultados dão embasamento científico a uma constatação da prática clínica: metade dos novos casos de tumores de pulmão aparece em ex-fumantes. Liderada pelo médico Raj Chari, a equipe canadense analisou o tecido pulmonar de oito fumantes, doze ex-fumantes e quatro voluntários que nunca fumaram. Ao mapearem e compararem o perfil genético deles, os pesquisadores verificaram que, apesar de alguns genes modificados pelo fumo terem voltado ao normal, pelo menos 124 deles permaneciam alterados – todos associados à produção de proteínas envolvidas no câncer de pulmão. Acredita-se que, quanto maior a exposição ao cigarro, mais extensas serão as alterações genéticas. Os ex-fumantes que participaram do estudo consumiam pelo menos um maço por dia e tinham parado de fumar havia um ano, no mínimo, após três décadas de baforadas. O trabalho canadense derruba a tese segundo a qual, uma vez abandonado o vício, o organismo conseguiria se recuperar totalmente dos malefícios do cigarro. "Ocorre uma recuperação, mas apenas em relação ao maior perigo de ocorrência de outros problemas, como infarto, derrame e enfisema", diz o oncologista Jefferson Luiz Gross, do Hospital do Câncer



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