O vendedor de passados
(José E. Agualusa)
O vendedor de passados – José E. Agualusa
O romance faz parte da literatura angolana, ainda pouco conhecida entre os brasileiros. Já no título possui o indício do exercício de elaboração do texto que se quer representação, constituindo-se espaço de fingimento literário. Ao associar as palavras vendedor e passado, o autor impregna narrativa da inverossimilhança, pois há um deslocamento do espaço da materialidade para o da imaterialidade, ou seja, tranfere-se de um mundo em que se vendem objetos, utensílios, para outro em que se vendem passados, sonhos, desejos.Como um bordador, o texto, narrado por um réptil, conta a fábula de um homem que vende um passado digno para pessoas que querem se livrar de um passado que as incomoda , ligado a histórias de guerras, subserviência, desmandos, durante a guerra colonial e civil angolana. No avesso, em forma de espelhamento invertido, desenha-se um texto que expõe e denuncia as mazelas de Angola diante, principalmente da questão identidária. A fábula borda uma história inverossímel na primeira teia, enquanto o espelhamento cria a verossimilhança com a realidade existente, e outras histórias são bordadas em outras teias, com a finalidade de alertar, de promover um questionamento. Num texto que reduplica cenários, personagens, o enredo se constrói e se transforma em um duplo que revela a urdidura da teia narrativa, permitindo que as relações sociais que engendram o mundo angolano sejam delineadas e os interditos evidenciados.
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