Os Cinco Na Ilha do tesouro
(Enid Blyton)
Os Cinco na Ilha do Tesouro é das histórias juvenis mais belas que se fizeram em toda a literatura do género. A história decorre na Inglaterra dos finais dos meados do século XX, e junta três irmãos (Júlio, David e Ana) e a irascível prima (Maria José) mais o cão desta última, Tim, que se envolvem numa extraordinária aventura, iniciada a partir de um velho mapa de um tesouro descoberto num baco naufragado que uma tempestade de Verão fez emergir. De forma a que a Ilha Kirrin - propriedade da família - não passe para mãos estranhas por dificuldades económicas dos pais da Zé, os Cinco lançam-se numa caça ao tesuro entre velhos quartos de castelos em ruinas, poços e subterrâneos. A acrescentar a este universo tipicamente "Blytiano", acrescente-se um conjunto de personagens bem facetadas, particularmente Maria José, que ignora quem a chame por seu nome e só responde perante Zé, dado que não gosta de ser rapariga. Esta peculiaridade da personagem, cria uma interessante dicotomia de géneros, particularmente entre a feminina Ana, sua prima, e a arrapazada Zé, cujas capacidades estão adstritas aos rapazes: subir por uma corda, nadar depressa, mergulhar em profundidade, e outros atributos de natureza psicológica: não chorar perante as adversidades, demonstrar coragem face ao perigo e estar sempre pronta para as tarefas mais difíceis e que envolvam mais riscos. Esta diferenciação, bem característica dos meados do século XX, mundo burguês e extremamente conservador, é acentuada pelo facto da história ser escrita em tempo da 2ª Grande Guerra, em que uma Inglaterra ainda muito isolada lutava contra uma Alemanha nazi toda poderosa. Se bem que o mundo de Enid Blyton surja muitas vezes com a aparência de realidade, situado no tempo e por vezes, com algumas referências históricas bem contextualizadas, não deixa de participar de um universo tão fantástico como o mundo das fadas e dos gnomos. A realidade do mundo dos Cinco, neste caso particular, é essencialmete aparente, porque a distância dos adultos e o isolamento dos jovens leva o leitor a embrenhar-se por um universo fantástico e invocando os sonhos de qualquer adulto que já foi criança, e teve a mestria de guardar pelo menos parte no seu interior. Quando se lê Enid Blyton, recuperamos a nossa infância e por momentos parece que ficamos a pairar docemente no tempo.
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