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pequena axxiomatica estetica 6(cont)
(aulas uc)

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Na obra de arte e no meio artificial próprio que cada obra de arte gera para tornar possíveis estas e aquelas formas, se sobrepõem formas de percepção, formas da comunicação e orientações da observação do público. Por isso é natural que a arte contemporânea se descreva a ela própria no tópico da “autonomia da obra de arte”. Com isto se significa que cada obra de arte é uma combinação singular de meios e formas da percepção, meios e formas da comunicação e instruções da sua própria decifração para um público possível. Ora, esta singularidade e autonomia só podem interpretar-se sob ponto de vista semiótico e, em especial, à luz da distinção, iniciada na Escola de Tartu e continuada por T. Sebeok, entre “sistemas modelizantes primários” e “sistemas modelizantes secundários”.
A arte contemporânea foi desde cedo um protesto contra o prazer estético do público basbaque, contra o “agradável” e, neste sentido, contra o belo. O movimento Dada não só revela gosto pela transgressão mas, sobretudo, pela exigência da interpretação e da obra de arte como obra que se dá a decifrar como texto. A descoberta do valor da dissonância na música contemporânea e a improvisação, o cubismo e o surrealismo, ao tentarem acordar pela obra o que desde Kandinski se descrevera como a estrutura oculta e adormecida da aparência, trazem consigo a formulação de mundos que só estão aí para serem decifrados e não para causarem o sentimento do agradável, o que implica a descoberta dos desafios que o meio da comunicação complexo que é a obra de arte singular pode trazer em relação aos meios habituais da percepção e aos meios da comunicação.
Se pensarmos na Estética de Max Bense verificamos que a sua exigência basilar consiste na tese de que a obra de arte exige ser decifrada num código que de cada vez, de obra de arte em obra de arte, se recria singularmente. Por outro lado, na crítica que Nelson Goodman fez do emotivismo estético e da teoria da representação como mimésis se pode ainda entender por que razão não pode haver qualquer continuidade entre estado de coisas no mundo, a sua reprodução por meio da obra de arte e os sentimentos estéticos dos públicos. Citando o Historiador da Arte E. Gombrich, N. Goodman afirmou que a Arte não imita a natureza, mas sim a Ciência e que “a pintura é uma ciência de que os quadros são os experimentos”.
Dizendo-o numa fórmula: as formas e os meios da percepção e as formas e os meios da comunicação são autónomos e independentes; entre eles não há portas nem janelas. Cabe à obra de arte por em jogo o que nesta independência e autonomia faz signo e pede para ser interpretado. Precisamente o conhecido paradoxo visual de R. Magritte “ceci n’est pas une pipe” exemplifica como o que a comunicação diz pode não estar acessível na forma da percepção e é dos efeitos desta ironia num observador que se trata hoje quando se trata de arte.
Se uma forma da comunicação pode desmentir o conteúdo imediato de uma forma da percepção e se é nesse jogo que se pode estruturar algo de essencial quanto à significação da arte contemporânea, é porque esta última se atribuiu a si própria a função de, na sociedade moderna, ser a crítica do dado imediato, do mundo “dado por garantido” e de, nesta medida, levar o observador para a face nascente e mortal das formas em que se ritma a experiência do mundo.
O meio da arte gera um modelo semiótico para a interpretação do mundo nas formas da percepção com que povoa a superfície das telas, os sólidos escultóricos, as imagens-som-movimento das bandas fílmicas ou as sequências musicais, mas também, com isso, modos de observar observadores e de orientação da observação do mundo. A arte contemporânea e a construção semiótica da imagem do artista são cúmplices da ideia de criação de uma meta realidade que é permanente transfiguração e rotação do actual no virtual e vice-versa.
Assim, uma teoria da arte supõe a observação da arte como um processo socialmente orientado de reorganização da aparência. Com isso aarte contemporânea contribui para enfraquecer as fronteiras entre sensação e conceito.



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