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O caçador de pipas
(Khaled Hosseini)

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AVISO: Esta resenha contém revelações sobre o enredo (spoilers).Que O caçador de pipas é um best-seller não há dúvidas, pois já ultrapassou a barreira dos cinco milhões de exemplares vendidos em todo o mundo, sendo um milhão apenas no Brasil. Também já virou filme – outro aspecto comum entre os best-sellers – que estreará no próximo ano. Mas mesmo correndo o risco de ter uma jihad literateira contra mim, não creio que o livro de Hosseini deva ser classificado como boa literatura. No máximo um dramalhão popular, bem ao estilo do Titanic (1997), considerado por muitos como o filme do século. O livro é um entretenimento para as massas, mas o pior é que passa uma mensagem política subliminar que nem todos percebem claramente.Em primeiro lugar, trata-se de um livro norte-americano escrito para norte-americanos, após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, quando o Afeganistão passou a fazer parte da mídia – e da vida – dos estadunidenses. Seria óbvio que aparecessem escritores justificando a invasão a um país estrangeiro, mostrando a diferenças de governos, culturas e tecnologias entre os países invasor e invadido. O caçador de pipas faz esse papel. Como mostra a vida de um garoto que passa a infância no Afeganistão e que depois refugia-se nos Estados Unidos as comparações seriam até certo ponto inevitáveis. Mas o autor vai além da mera comparação e afirma categoricamente que sua nova pátria é melhor que a anterior: através dos olhos de Amir, o protagonista do livro, ou de Baba (o pai de Amir), como neste trecho:"- Só existem três povos nesse mundo que são homens de verdade, Amir – dizia ele. E os contava nos dedos: - os americanos, esses heróis fanfarrões; os britânicos e os israelenses. Todo o resto – e, ao dizer isso, costumava fazer um gesto com a mão, acompanhado de um “pfff” - não passa de velhotas mexeriqueiras."Ou através de personagens que apesar de não morarem nos EUA admitem a sua superioridade, como Rahim Khan, amigo de Amir residente em Cabul:"- Pelo que vejo, os Estados Unidos infundiram em você o otimismo que fez deles um grande país. Isso é ótimo. Nós, os afegãos, somos um povo melancólico, não somos? Quase sempre ficamos chafurdando em ghamkhori e autopiedade. Damo-nos por vencidos diante das perdas, do sofrimento; aceitamos tudo isso como um fato da vida ou chegamos até a considerá-lo algo necessário."O engodo do livro é tentar se vender como uma mensagem afegã ao mundo. Usa incansavelmente palavras persas inseridas no texto, explicando-as logo em seguida. Para um afegão que fosse ler o livro nesse estilo soaria excessivamente repetitivo. Para um não-afegão poderia transmitir a idéia que o escritor é um nativo do Afeganistão e portanto uma espécie de porta-voz do seu povo.A opinião de Amir está longe de ser unanimidade pois ele pertence ao grupo étnico Pashtun – tribo dominante com 42% da população – e mostra uma visão pashtun do Afeganistão. Além disso, o protagonista – assim como o autor – fugiram do Afeganistão quando este foi invadido em 1980 pelos soviéticos. Não ficaram lá para enfrentar os problemas. A sua idéia sobre o Afeganistão, a vida e dificuldades daqueles que lá permaneceram, sendo muitas vezes massacrados, é a de um observador externo e distante. Não revela de maneira alguma a realidade, mas somente um ponto de vista pessoal. Quem se mantém informado através de revistas e jornais bem conceituados que pesquisam sobre o assunto consegue ver com olhos críticos em que pontos o livro é faltoso. Amir admite tacitamente que não conhece o seu próprio país de origem quando vê a fotografia de seu amigo de infância com o filho – Hassam e Sohrab – que diferentes dele continuavam no Afeganistão: "Olhando para essa foto, era possível concluir que aquele homem achava que o mundo tinha sido generoso para com ele.""Hassam e Sohrab estão parados, um ao lado do outro, apertando os olhos por causa do sol, e sorrindo como se o mundo fosse um lugar bom e justo."Amir não consegue entender alguém sendo feliz independente do lugar e das condições em que viva. Todos os países tem os seus problemas e dificuldades, mas passar a idéia errônea de que apenas um é o melhor, a única fonte de felicidade para todos é pura presunção. Pelo caráter sectário desta obra, provavelmente Khaled Hosseini nunca ganhará o prêmio Nobel de Literatura, se bem que hoje é possível que prêmios, antes respeitáveis, sejam comprados e manipulados.Aqueles que dizem terem lido o melhor livro de suas vidas revelam o quão pouco lêem ou a falta de qualidade em suas escolhas. Apelar para o sentimentalismo, fazer chorar ou sorrir não é sinônimo de qualidade literária. O caçador de pipas é um bom entretenimento de final de semana, com certeza recomendado antes de muitas diversões atuais menos edificantes, mas comparado aos clássicos da literatura mundial ele perde feio. Mesmo assim, se for para estimular a leitura em um país onde ela não tem primazia já cumpre um papel importante, desde que analisado criticamente.Leia a resenha completa, sem cortes no meu blog abaixo.



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