O Pote Vazio
(Demi)
obra retrata a dúvida humana, em garimpar em busca da perfeição, que é bem expressa na frase: “Se não sabemos o que falta a nós mesmos, como podemos estar em posição de dizer o que falta ao outro?”. O Pote Vazio conta a história de Ping, um menino que ao inves­tir em algo muito precioso, o plantar de uma flor, buscava algo formoso feito por si e pela natureza, que fosse fruto de seu amor, algo em que acreditasse, que plantasse, colhesse em seu grandioso desabrochar como o da mais bela flor encantado­ra, que pudesse tranformar as pessoas. Em um belo dia, o Imperador da China, sentindo a necessidade de escolher um sucessor, busca critérios para efetuar tal escolha, pensou e pensou e chegou em uma possição para realizar tal façanha: seu suscessor teria como ele que ter amor pelas flores. Eis o trecho do livro:
“Há muito tempo, na China, vivia um menino chamado Ping, que adorava flores. Tudo o que ele plantava florescia. O Imperador também adorava flores”.
Anuncia que todas as crianças do reino deveriam comparecer ao palácio. Cada uma delas receberia de suas mãos uma semente e o desafio de provar o que de melhor podia cultivar dentro de um espaço de tempo, pensou e chegou ao período de tempo de um ano, data esta marcada pela chegada da primavera. Ping, feliz ao receber sua semente, sente que pode cultivar a mais bonita de todas as flores – a flor que tanto sonhara.
“Quando chegou o momento de escolher um herdeiro, ele deu uma semente de flor para cada criança do reino, dizendo - ''Quem provar que fez o melhor possível dentro de um ano, será meu sucessor!''. Ping plantou sua semente e cuidou dela dia após dia. Mas os meses se passaram e a semente não brotou. Quando chegou a primavera, Ping apresentou-se ao Imperador levando apenas um pote vazio.”
Enche, então, um vaso com terra de boa qualidade e ali a planta com muito cuidado. Todos os dias, e de forma sucessiva, passa a regar e cuidar de seu vaso, para que a semente brote e, nela, os contornos de uma linda flor. Com o passar dos dias e preocupado por nada surgir no vaso, muda a semente para um vaso maior e no tempo subsequente percebe que apesar de todo empenho e cuida­dos, nada havia em seu vaso. Chega a primavera e com ela o dia de apresentar ao Imperador o melhor de seu cultivo. Triste e preocupado com seu vaso vazio, enfren­ta a zombaria e decide então apresentar o melhor que pôde ao Imperador: tristonho apresenta o seu pote vazio, o seu vaso sem flor.
A arte primorosa e a bela simplicidade do texto de Demi mostram como o fracasso constrangedor de Ping se transformou em triunfo, nesta fábula sobre a honestidade recompensada. Com este fim, ao contrário dos que muitos pensam o autor propõe uma gama de questionamentos que poderiam ser pensados e debatidos, Para Paula Montalvani, 2007, p.63:
“Opto, por dois vieses. O primeiro seria em relação a seu caráter escolástico. A de um Bem Supremo, merecido pelo vestígio da coragem, num lugar de passível reconhecimento. O que Ping pôde suportar de sua angústia o faz jus­tamente reinar. Aquilo que Ping realiza na narrativa é contraste e pode ser lido de forma reduzida a uma dimensão que interfere e impera a serviço da categori-zação escolástica, prevalecendo apenas uma relação de estreiteza com o desejo uma vez que o Imperador, em posição de um suposto saber, no caso de ter dado às crianças sementes queima­das, dá sentido àquilo que acreditava saber; tem notícias de um saber que não se sabe por intermédio de Ping. A escolástica estaria situada aí, neste campo, colocando Ping como obje-to, como resposta a sua proposição. Autorizando-se a supor por meio de eixos como aparências e referências o que falta ao outro. Aqui se esgota, para mim, a questão da escolástica envolvida, que situarei mais adiante, no enredamento c diferença, no que tange a seusdobramentos. Inicio a construção do segundo viés, portanto, tendo como referência Lacan, que em seu Livro 10, A angústia, nos faz tomar nota de que as acepções não se ajustam, não são redutíveis umas às outras. O que equivale dizer que objeto e sujeito não se sobrepõem”.
DEMI. O pote vazio. 2 ª Edição. Editora Martins Fontes/SP.
MONTOVANI, Paula. Revista Escala. Literatura no Divã. ANO II, Nº 18.
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