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racismo
(A.C.Grayling)

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Nas sociedades actuais, praticamente para onde quer que se olhe, vêem-se as marcas iradas e as feridas profundas da raça e do racismo no sistema social. É irónico que, embora o racismo seja uma realidade -- e uma realidade chocante --, a própria raça seja uma ficção. O conceito de raça não tem fundamento genético nem biológico. Todos os seres humanos estão intimamente relacionados uns com os outros e, simultaneamente, cada ser humano é único. O conceito de raça é não só completamente artifícial como novo. Contudo, na sua breve existência, já provocou danos consideráveis, à semelhança do que faz a maior parte das mentiras e absurdos que circulam entre nós. A primeira classificação dos seres humanos em raças foi discutida por Lineu, que a reconheceu como mera conveniência, sem fundamento na natureza. Empregou os mesmos critérios que utilizava nas suas classificações botânicas -- nomeadamente a aparência exterior, que deu origem à tipificação simplista de todos os seres humanos em «caucasianos», «negróides» e «mongolóides». Os progressos registados na área da genética destruíram tais taxinomias, adoptando o ADN como único critério de classificaçao. O sistema de Lineu afirma que uma das plantas sagradas do budismo, a flor de Lótus, é afim do nenúfar; a comparação do ADN revela o seu parentesco com o comum e amado plátano de Londres. Em termos humanos, a análise por meio do ADN desmantela completamente a ideia de raça. «A raça não possui qualquer realidade lógica básica», afirma o professor Jonathan Marks, da Universidade de Yale; «a espécie humana não vem pura e simplesmente embalada dessa forma». Ao invés, a raça é um conceito social, cultural e político baseado em aparências superficiais e circunstâncias históricas, sobretudo as derivadas dos encontros com outros povos, à medida que a Europa desenvolvia um alcance global, com a escravatura e o colonialismo que se lhe seguiram. Lineu não foi o único a perceber que a «raça» é uma ficção. Em meados do século XIX, E.A. Freeman desacreditou celebremente toda a ideia de « comunidade de sangue», tal como fez Ashley Montagu nos meados do século XX. Até Hitler o sabia, apesar de tornar esse conceito central:«sei perfeitamente bem [...] que, num sentido científico, a raça é coisa que não existe mas, enquanto político, preciso de um conceito que permita que a ordem até agora existente com bases históricas seja abolida, vigorando em seu lugar com bases intelectuais, uma ordem completamente nova e anti-histórica [...]. Para este fim, o conceito de raça adequa-se bem [...]. com o conceito de raça o Nacional-Socialismo levará a sua revolução ao exterior e reformulará o mundo.» Todos os seres humanos têm os mesmos antepassados. A história humana é curta: tem menos de vinte e cinco mil anos, sendo que as primeiras migrações a partir de África começaram há metade desse tempo. a diversidade física das populações humanas actuais é puramente fruto dos acasos geográfico do clima e do isolamento dos grupos nómadas. As distinções que se estabeleceram entre povos são, portanto, arbritárias e superficiais, mesmo as relacionadas com a cor da pele -- pois, conforme revela um momento de atenção, não há pessoas «brancas», «negras» ou «amarelas»:há pessoas com muitos tons e tipos de pele, não sendo isso diferente de qualquer outro aspecto da sua humanidade, salvo o que a malícia dos outros consegue conceber. Para ultrapassar o racismo é necessário ultrapassar raça. Mas esse objectivo não é auxiliado por aquilo que Sartre designou «racismo anti-racista», como é o caso do Poder Negro e seus cognatos. É compreensível que as comunidades que são objecto de preconceito e abuso se refugiem atrás de uma identidade assumida e protectora; mas as identificaçoes tornam-se rígidas e transformam-se em fonte de novas devoções, novos pretextos para pagar o mal com o mal -- e, assim, entrincheiram indirectamente a própia ideia que jaz na raíz do medo. O racismo findará quando os indivíduos virem os outros apenas em termos indivíduais. «não há indicações de ''branco'' ou ''negro'' nos cemitérios de guerra», observou John F. Kennedy --e há uma moral significativa nessa observação.



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