Escrita, Artificial e Desumana
(Paulo Henrique Gabiatti Donadel)
Evolutivamente, o homem é apenas mais um animal num planeta habitado. O Homo sapiens sapiens pôde, através da evolução, desenvolver seu polegar opositor e, conseqüentemente, aprimorar suas habilidades manuais. Infelizmente, esse fato acarretou o desenvolvimento de meios artificiais para a tentativa de compreensão do mundo e armazenamento de idéias, a escrita.
A Escrita possui uma lógica infundada e não natural, que destrói laços fraternais criando uma burocrática fundamentação teórica de tudo o que o ser humano acredita vivenciar, destroçando e transcendendo toda a naturalidade cultural do homem. Ao desenvolver a escrita, o homem desenvolve também um sentimento de incompreensão, de vazio sentimental, que, aliado a sua fraqueza emocional, e ao atual estágio de desenvolvimento biológico que ele se encontra, deprime-o e acomoda-o. Forma-se, então, um paradoxo existencial.
Ao analisar historicamente o desenvolvimento da escrita, torna-se evidente o papel bitolador que ela impõe a grandes possibilidades de evolução física e psicológica do ser humano, por torná-lo ocioso. É costume do homem acreditar que todo o desenvolvimento tecnológico é bom, ignorando o fato de que avanços podem implicar retrocessos evolutivos, impedindo fisicamente a compreensão de tudo o que o cerca, botando em cheque a sua plenitude emocional, fator decisivo para levá-lo a crises existenciais, entristecendo o mundo.
A importância de um meio difusor de idéias e emoções é, sem dúvida, presente na vida do homem. Porém ao utilizar um meio artificial como a escrita para tentar atingir a sua plenitude, o ser humano acaba por refutar grandes possibilidades de evoluções intelectuais e físicas, contentando-se com um mundo, que acredita ele, foi feito para si. Fatos estes que tornam a escrita artificial e desumana.
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