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Estrela da Vida Inteira
(veronica berosboli)

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Quando Manuel Bandeira morreu, em outubro de 1968, um jornal
dedicou-lhe a manchete Bandeira, enfim, Pasárgada! em referência ao seu
mais conhecido poema - Vou-me embora pra Pasárgada. Neste poema o poeta
evoca a vida que poderia ter sido e que não foi, uma espécie de paraíso
pessoal, lugar de sonhos e de desejos, em que ele poderia realizar as
felicidades mais simples, como andar em burro bravo, subir em
pau-de-sebo, andar de bicicleta, tomar banho de mar...

A enumeração, neste lugar ideal, de fantasias tão simples e despojadas
já revela um dado biográfico que se transformará em fonte de muitos
temas da poesia de Bandeira: a presença da morte, anunciada em plena
adolescência, sob a forma de uma tuberculose, doença mortal na época
[início do século XX]. [...] fui vivendo, morre-não-morre, e, em 1914,
o doutor Bodner, médico-chefe do Sanatório de Clavadel, tentando-lhe eu
perguntado quantos anos me restariam de vida, me respondeu assim: o
senhor tem lesões teoricamente incompatíveis com a vida: no entanto,
está sem bacilos, come bem, dorme bem, não apresenta em suma nenhuma
sintoma alarmante. Pode viver cinco, dez, quinze anos... Quem poderá
dizer? Continuei esperando a morte para qualquer momento, vivendo
sempre como que provisoriamente. [Manuel Bandeira - Itinerário de
Pasárgada]

A permanente consciência da morte, a luta contra ela, a convivência com
sua presença - fazedoras de ausências - transformam-se poeticamente
numa descoberta essencial de vida, numa valorização intensa da
existência mais cotidiana, redescoberta como única, irrepetível,
insubstituível. Não é possível separar a experiência de vida da
experiência poética do autor de Pasárgada, embora sua poesia - de uma
universalidade intensa, ardente e simples - não possa ser reduzida a
acontecimentos biográficos, que se revelam matrizes de imagens, de
emoções, de ritmos, transfigurados na alquimia da criação.

O critico Alfredo Bosi, em sua História concisa da literatura
brasileira, escreve: [...] veremos que a presença do biográfico é ainda
poderosa mesmos nos livros de inspiração absolutamente moderna, como
Libertinagem, núcleo daquele seu não-me-importismo irônico, e, no
fundo, melancólico, que lhe deu uma fisionomia tão cara aos leitores
jovens desde 1930. O adolescente mau curado da tuberculose persiste no
adulto solitário que olha de longe o carnaval da vida e de tudo faz
matéria para os ritmos livres do seu obrigado distanciamento.

A sua obra, escrita ao longo de mais de meio século, atravessa
praticamente toda a história do Modernismo no Brasil e apresenta muitos
dos mais expressivos livros da poesia moderna, como Ritmo dissoluto,
Libertinagem, Estrela da manhã e outros.



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