Resumo de Quem matou Jesus? (3ª parte)

As narrativas da Paixão-Ressurreição desafiam tanto a honestidade da história cristã como a integridade da consciência cristã. Elas têm sido a semente para o antijudaísmo cristão. E, sem o antijudaísmo cristão, o antisemitísmo europeu letal e genocida teria sido impossível, a semente do holocausto judeu. O Evangelho de Q, assim chamado porque foram exegetas alemães que o encontraram e Quelle é a palavra alemã para fonte, não encontraram nenhuma narrativa da Paixão-Ressurreição nesse evangelho. Também no Evangelho de Tomé não foi encontrada nenhuma narrativa da Paixão-Ressurreição. Herodes, o Grande, governou toda a pátria judaica durante mais de trinta anos com o título de Rei dos Judeus. Após sua morte, o imperador romano Augusto dividiu seus territórios, pondo a Galiléia e a Peréia, áreas ao norte e a leste do rio Jordão, sob o domínio de seu filho Herodes Antipas, com o título de tetrarca,( 4a.c.-39) e pondo a Samaria, a Judéia e a Iduméia, áreas a oeste e ao sul do Jordão, sob o governador romano com o tíutulo de prefeito. Dois movimentos surgem no território de Herodes Antipas, o de João na Peréia, a leste do Jordão e o de Jesus ao norte, na Galiléia. De acordo com a narrativa bíblica, João foi condenado e executado por ter criticado Antipas:"Não te é lícito possuir a mulher do teu irmão." (Marcos,6-17-18) Mas, a explicação de Josefo mostra melhor o motivo da condenação de João: ele era temido por ser considerado um visionário apocalíptico anunciando o punitivo advento de D'us. Ele era temido porque seu trabalho poderia levar a alguma forma de sedição. João cravava bombas-relógios de expectativa apocalíptica em toda a pátria judaica. João foi executado porque criticava as bases religiosas, políticas, sociais e econômicas para Herodes e para o controle romano da pátria juudaica. Ele agia e foi executado no território de Herodes Antipas; E Jesus agia no mesmo território, mas não foi acusado nem executado por Herodes Antipas. Em vez disso, ele foi executado em Jerusalém, na Judéia, sob o prefeito romano Pôncio Pilatos. Jesus pregava um igualitarismo radical tanto em níveis socioeconômicos(alimentação) como religioso-políticos(cura). Essa combinação de poderia ter levado à execução de Jesus. E, justamente, no território do romano Pôncio Pilatos. Sabenos que havia ressentimento popular contra Herodes Antipas pela morte de João. Assim, a morte de João, provavelmente, persuadiu Antipas a não agir contra Jesus. Existem várias contradições no Novo Testamento. Vejamos uma delas. na narrativa da Paixão, feita por Marcos, Jesus aparece terrivelmente, dolorosamente humano. já na narrativa de João. ele está sereno e transcendental. na profecia de Marcos. ele está sozinho; em João, Jesus nunca está sozinho. Sobre a existência e a traição de Judas, o padre John afirma, na página 90, que não são históricos. Judas foi criado para acusar o judaísmo de trair Jesus. Judas encarna o antijudaísmo do início do cristianismo. A insistência em mostrar Judas, o traidor, como um dos apóstolos, deriva de uma única fonte: Marcos. Marcos viveu e escreveu para cristãos, para quem estas palavras tinham sentido, pois ele tinha presenciado a Primeira Guerra Romana. "E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai ao filho, e levantar-se-ão os filhos contra os pais, e os farão morrer".(Marcos 13,12). Marcos poderia ter criado o próprio Judas, da mesma forma que criou aquele terrível beijo de Judas. Apesar de afirmar, l,ogo em seguida, que acveita Judas como um seguidor de Jesus que o traiu, não acha que ele foi um apóstolo, simplesmente porque aquele agrupamento simbólico de doze novos patriarcas cristãos que deveriam substituir os Doze antigos Patriarcas judeus não existiu a não ser depois da morte de Jesus. Outra questão que faz com o Novo Testamento perder a crediilidade: s profecia era usada para imaginar, descrever ou criar um determinado evento. Os sinais da criatividade de Marcos estão presentes em toda a sua narração.

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