Memórias das minhas putas tristes
(Gabriel Garcia Marquez)
Última obra deste autor que dignificou a literatura latina com um Nobel ainda nos anos oitenta do século passado. Pode ser uma autobiografia de um momento da sua vida. A história desafia a moral vigente e conta como um velho quer festejar os seus noventa anos, passando a noite com uma adolescente virgem. Tal como a dona de um bordel sentencia "a moral é uma questão de tempo...tu verás". Foram precisas muitas décadas mas a personagem desta obra sucumbe finalmente ao desejo do puro.
No decorrer deste pequeno volume surgem memórias sempre na sua muito forma poética, como se nós fossemos um disco para gravar emoções e, sempre que as tocássemos, elas eram reproduzidas igualzinhas, sem tirar nem pôr. Talvez porque nós gravamos as memórias da forma como queremos, de modo a revivermos esses momentos sempre da mesma forma, a forma que mais nos interessa.O estilo literário é inconfundível, com uma poesia a submergir na prosa talvez um pouco menos densa, mais solta e inevitável do que as outras obras do autor em que nadei no passado. Para o leitor o final torna-se previsível , mas vale a pena ir conhecendo as aventuras deste velho que nos convida a vivermos a vida com menos receios e preconceitos bacocos. De entermeio há imprevistos que a vida nos ensina como, por exemplo, os ciúmes têm mais sabor que a verdade.
"Cem Anos de Solidão" e "Crónica de uma Morte anunciada" são obras que celebrizaram este autor constituindo actualmente clássicos de leitura obrigatória, dos quais não me atrevo a comentar, apenas recomendo lêr.
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