BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


OS EFEITOS DO OZÔNIO NA SOJA
(Patricia Bulbovas)

Publicidade
OS EFEITOS DO OZÔNIO NA SOJA - O experimento, que contou com o apoio da FAPESP, foi realizado em câmaras fechadas do Instituto de Botânica de São Paulo. As plantas foram expostas a dois tratamentos: ar filtrado sem poluentes, e ar filtrado, mas com 30 ppb de ozônio adicionado por 6 horas diárias. Sementes da variedade "Tracajá" foram colocadas para germinar, em janeiro de 2006, em seis grandes vasos de aço inoxidável. Três vasos foram colocados em cada câmara, contendo, cada um, 16 sementes.
Depois de 10 dias foi medida a capacidade de trocas gasosas de nove plantas, a taxa de fotossíntese, transpiração e outros parâmetros vegetais. Outras 10 plantas foram tiradas das câmaras para medidas de crescimento (altura, diâmetro, comprimento da raiz, área foliar, biomassa total, proporção entre raízes e parte externa, etc). As demais plantas ficaram nas câmaras para a continuação da exposição ao ozônio.
Novas medidas foram feitas depois de 20 dias, inclusive as de tolerância ao agente agressor (no caso o ozônio). Toda a experiência foi repetida para confirmar resultados, e as condições foram cuidadosamente controladas.
Os resultados mostraram que a concentração de vitamina C (ácido ascórbico), que é importante para a respiração celular, e a atividade de uma enzima protetora (superóxido dismutase), aumentaram 18 e 28%, respectivamente, nas plantas expostas ao ozônio. Mas este "investimento energético" das plantas na própria defesa não conseguiu criar uma proteção integral contra o estresse oxidativo (condição de envelhecimento celular, freqüentemente assinalada pelo amarelamento das folhas) causado pelo ozônio. Isso se refletiu em menores capacidades de respiração das plantas.
O ozônio reduziu as trocas gasosas nas plantas expostas, tanto depois de 10 quanto depois de 20 dias. A fotossíntese, a capacidade das folhas de efetuarem trocas gasosas e a transpiração diminuíram. Isso teve reflexos no crescimento e no acúmulo de biomassa, que foram menores nas plantas expostas ao ozônio do que nas que cresceram com ar filtrado. Além da altura, área foliar e biomassa, as primeiras tiveram reduzido o comprimento da raiz, o diâmetro do caule e a proporção entre raízes e parte aérea.
Considerando que as plantas foram expostas a uma concentração de ozônio relativamente modesta (30 ppb) é possível dizer que a redução das trocas gasosas, e do crescimento da soja Tracajá foi alta. Além disso, as plantas expostas ao ozônio mudaram seus padrões de emissão de compostos orgânicos e suas folhas apresentaram danos visíveis. Estes indícios precisam de mais estudos, mas também indicam uma forte sensibilidade à exposição ao ozônio.
Os resultados alertam para a possível perda de produtividade da soja brasileira causada pelo ozônio produzido pelas emissões de queimadas. Pesquisas internacionais mostraram a possibilidade de prejuízos econômicos fortes nos Estados Unidos, na China e em outras regiões. Em todo o mundo cientistas assinalaram a alta sensibilidade da soja ao ozônio.
No Brasil os danos potenciais do ozônio para o cultivo da soja crescem nas áreas afetadas pelas queimadas da Amazônia, já que na estação seca a concentração de ozônio na região aumenta significativamente. Assim, os cientistas evidenciaram um paradoxo: na Amazônia a forma habitual de abrir novas fronteiras para a soja, isto é, a remoção da floresta pelo fogo, pode levar, simultaneamente, a uma perda acentuada da produtividade da soja, que precise ser compensada com novas plantações e, portanto, mais queimadas, levando a ulteriores quedas de produtividade, num ciclo tão destrutivo quanto ilógico e infindável.



Resumos Relacionados


- O Ciclo IlÓgico: Queimar Para Plantar Prejudica A PlantaÇÃo

- Ecologia – Mais Sobre O Ozônio

- Biosfera/buraco De Ozônio

- Ecologia – Mais Um Inimigo Do Ozônio

- Esse Tal Buraco De Ozônio...



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia