Numa Viagem de Episódios Dicazes - I
(Phedon)
Numa Viagem de Episódios Dicazes - I Ofuscados por três grandes e poderosos raios, em Portugal, somos cativos do domínio da “rosa”. Bailavam as sobrancelhas, as pálpebras acompanhavam, e numa harmoniosa dança, cerrei os meus olhos castanhos, como faço inúmeras vezes, para me deixar guiar, mais uma vez, pelos olhos do meu insaciável espírito. E fechei-os, como sempre, para dar lugar a mais um sonho. Mas desta vez sonhava com a intenção de comemorar o meu sincero amor pela simples avidez de sonhar. E ainda as pálpebras do meu pensamento estavam semicerradas, já eu imaginava uma figura. Desta feita, um Tiago. Um Tiago na praia. Ali estava o Tiago, de barriga para cima a descansar num confortável colchão de praia, vestido com uns calções e uma camisola de um laranja muito vivo, espelho da sua alma, a boiar no meio da água, à beira da areia. A boiar não, melhor dizendo, a navegar, pois o colchão não andava impaciente de um lado para o outro, mantinha-se constante e fixo sempre que possível, salvo uma ou outra ondulação mais forte, que mesmo assim não o arrastava para muito longe. O dia estava abrasador, tanto que a areia da praia até escaldava. Eram pouco mais de nove e meia da manhã e o sol neste dia de domingo tinha nascido com toda a sua pujança e cheio de vigor. Tanto que deixava todas as pessoas sufocadas, inertes e meias amorfas. Embora não estivesse muito alto, os seus raios emanavam um tal calor nunca anteriormente visto. Tanto calor que deixava as pessoas num desespero asfixiante, sem reacção e sem vontade de ali estar a gozar aquele dia, presumivelmente de alguma descontracção e repouso.
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