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UM RIO CHAMADO TEMPO, UMA CASA CHAMADA TERRA
(MIA COUTO)

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SENTIMENTOS TURVADOS
“Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra” é um romance, em prosa poética, produzido por Mia Couto, um jovem escritor moçambicano. O tema da natureza é o seu fascínio e a sua predileção. Seus textos, e este em especial, apresentam costumes e rituais que envolvem o universo mítico das águas: o risco que corta um círculo, feito na areia do rio, representa, de um lado, os visitantes que chegam e, do outro, os que são do lugar, os quais só se cumprimentam depois que uma onda venha apagar a marca feita no solo. As mulheres pedem licença às águas para então adentrar seu interior para lavarem e se lavar. Neste seu romance, o tema nuclear é uma viagem através de rios verdadeiros e fictícios. Mariano é o protagonista principal. É um moço, estudante, que depois de tempos volta para casa. Tal viagem tem um propósito: participar dos funerais do seu avô, também chamado Mariano. O jovem Mariano viaja através das águas do Rio Madzimi, mergulhando fundo nas suas memórias de menino. Estas aparecem em forma daquelas brincadeiras e travessuras que faziam, ele e o seu amigo Juca Sabão, nas margens deste rio. Ele chega na sua terra natal, Luar do Chão, enquanto o avô parte. O avô se transforma num passageiro do "barquito desabandonado que o conduzirá pelas ‘águas do tempo’ à ‘outra margem’, onde ele se juntará aos seus antepassados, cumprindo, pois, o ciclo de vida acreditado em África”. A viagem de retorno à infância de Mariano e a do avô rumo ao futuro, indicam uma sincronia, visto que este movimento para trás e para frente aponta a chegada a um lugar onde o idoso e a criança se tornam pontos limítrofes do mundo visível africano e que, por sua vez, convive harmoniosamente com mundo invisível dos antepassados. A ilha é o último espaço de convivência entre avô, neto e família, neste lado da margem e torna-se a derradeira possibilidade de restauração de uma série de elementos estruturais de que o avô depende para poder, enfim, assumir seu lugar no mundo invisível. O autor destaca que o jovem Mariano depara-se com lamentável degradação na ilha. Esta degradação é da terra e da família e das tradições como elementos constituintes do homem. O resultado é a triste constatação da perda de identidades: "Já não vejo brancos nem pretos, tudo para mim são mulatos". “O único resquício de cor associada à personagem e à ilha está no lenço de seda multicolorido usado por ela e que representa a última memória das diferentes colorações do mundo, que contrastam, no entanto, com a roupa surrada da personagem, com seu rosto vincado e, sobretudo, com suas retinas fatigadas pelo tempo, as quais vêem os homens acinzentados e marcados por um traço comum: a perda do desejo e da identidade”. Por causa disso emergem conflitos do homem diante da “confluência de valores sociais, culturais e religiosos que lhe foram impostos ao longo dos anos”. Enfim, a trajetória de Mariano é permeada por conflitos, dúvidas, descobertas e surpresas ligadas originariamente ao funeral, mas que acabam por revelar novas histórias para o protagonista e para sua terra. Sob uma visão, Mia Couto denuncia a opressão sofrida por seu país, metaforizado na magnífica narrativa. Sua morada é uma ilha ameaçada de naufragar. A água simboliza o recurso que o seu povo tem para com ela lavar os seus olhos e retirar deles a sujeira que embaça a visão e a consciência nacional. A velhice da narrativa se encontra no entrecruzamento de tempos e lugares em que o homem se inscreve e nem sempre percebe. As muitas verdades que o romance pretende revelar são aclaradas ficcionalmente quando, no término do romance, as pendências da família são resolvidas. Amores vividos, amores proibidos, rejeitados e desejos recalcados e verdades encobertas afloram trazidos pela "lembrança da água". Nascido na Beira, em 1955, o Jornalista Mia Couto é um ícone da literatura africana atual.
Mia Couto. Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra. Rio Companhia dasl



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