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Emplasto Brás Cusbas
(Claudio Dias G)

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No século retrassado, não só a poesia concreta, mas toda a literatura moderna latinoamericana já se balançavam no trapézio mentalmente armado por Machado de Assis. Nele se pendurara uma idéia de braços e pernas estendidas na forma de X inquirindo afrontosamente tanto o autor quanto leitor: “Decifra-me ou devoro-te!”. Seria pouco dizer que o verme que primeiro roeu as carne frias do cadáver e a quem se dedica Memórias Póstumas de Brás Cubas, pôde degustar uma das maiores obras já ever written em língua portuguesa. Fosse ainda traça, a mesma também se fartaria com o memorilista e contra-ideólogo, que a despeito de ter nascido dessa terra e desse estrume, nos presenteou com a delicadeza de escritos que até hoje suscitam enigmas. Talvez agora, passsados muitos defuntos, o leitor começe a estar maduro o suficiente para reler o Bruxo e, humildimente, enfrentar o X da esfinge e o mapa da mina de uma Literatura brasileira-universalista. Nunca um olhar tão oblíquo e dissimulado, se pôs tão certeiro. E foi preciso sim uma longa maturação para que o Machado pudesse encontrar algum entendimento, coisa que o solitário sabia não desfrutar entre seus contemporâneos. A grande dúvida dos escritores do século XIX era justamente para quem seus escritos se dirigiam. Baudelaire interpela o leitor deconhecido logo nos primeiros versos de suas “Flores do Mal”, Nietzsche declara dirigir-se apenas para poucos, Já Stendhal confessa haver escrito para no máximo cem leitores... “coisa é que admira e consterna”, observa Machado no prólogo de iBrás Cubas. Mas é justamente em Stendhal que o astuto Machado encontra o termo para burlar o auditório preconceituoso e autoritário de sua época, e desde sempre. Sem deixar de dizer tudo o que pensa dessa platéia, a narração em Memórias é um longo diálogo interior tão cínico quanto o do pós-bonapartista Julien Sorel de “O Vermelho e o Negro”. Cubas não se afasta de seus objetivos dissimuladamente abertos, expostos ainda com cruel esperteza oferecidas como se fosse um livro aberto. Mas é ainda prólogo que a temática forma absolutamente desusadas de Memórias Póstumas oferece ao seu público inculto algumas explicações. Pois fica dito que esta estranheza, a despeito de ter lá modelos, é “taça que pode ter lavores de igual escola, mas leva outros vinhos”. Mas qual nova escola ainda seria capaz de presentar-nos com um capítulo inteiro de duas páginas em branco sobre a frustação de não ter sido ministro? Ele que o diga ter sido fruto de idéias fixa, pachorra de um emplasto capaz de redimir todos os males, até os da Metafísica. Mas o que teria Cromwell ou a confissão não escrita de Ausburg a ver com tudo isso? Barbaramente nada. Apenas que algumas páginas, mesmo em branco, podem sobreviver a muitos tomos de pouca literatura. E não pelo amor das aparência rutilantes ou frouxidão de vontade de toda uma sociedade patriarcal-escravagista, mas pela justíssima expressão pública e doméstica dessa realidade da qual brotam seus personagens. Conquanto Machado tenha sido por vezes explicito, a sua antropologia da alma brasilieira parece negada. Em “D. Casmurro”, ao contrário do que se advoga no julgamento de Capitú, o verdadeiro réu é Bentinho que chega a oferecer veneno a quem julga não ser seu filho legítimo. Ato refreado a tempo de não clarear a ambigüidade do personagem, deixando a estória conforme à mentalidade de quem lê Othelo fosse um romance sobre adultério e não sobre ciúme, No caso de cobranças políticamente corretas (portanto burras), a sua suposta omissão frente ao abolicionismo é pobre já ao ler-se o conto “Entre Santos” sobre a alforria de uma escrava defunta para escapar-se das depesas do enterro. Parábola mais ferina sobre a abolição à brasileira, sem reforma agrário nunca foi feita. Joaquim Machado de Assis angariou as duas colunas máximas de opinião do seu tempo e do nosso _ “a dos frívolos e a dos graves”. Suavizando com humor o fato que os seus dedos de prosa tocavam em chagas que o autor não tinha esperança de cur



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