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O BAILE DO CAVACO
(J. BRITO SOUSA)

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O BAILE DO CAVACO.   Era aos domingos. O baile do Cavaco em Santa Bárbara de Nexe tinha fama nas redondezas . Era à saída da aldeia quando se vai para os Gorjões. Quem estava lá sempre caído era o Pató, jogador de futebol do clube desde tempos idos, um camisa oito de bom nível. O baile era  a diversão maior local naquele tempo. Era, digamos assim, um armazém bem decorado e limpo, tinha um palco para o tocador  e espaço para dançar. Creio que as mães que acompanhavam as filhas ao baile, levavam igualmente as cadeiras  para se sentar. Os rapazes tinham de pagar bilhete para entrar, cinco escudos cada um, o Senhor Cavaco estava de  serviço à portaria e controlava as entradas. Tinha um carimbo e carimbava as mão do pessoal para quando um qualquer precisasse de vir cá fora mostrava a carimbadela e tinha livre trânsito.        Quando o baile começava, entravam os que tinham dinheiro para comprar as entradas   e os que não tinham ficavam à porta mas com  vontade de entrar e eram muitos. As raparigas eram jeitosas e  o baile era um divertimento simpático. As minhas primas  iam lá e eram vedetas. Às tantas, a malta que estava fora pressionava  a entrada à força, mas o problema era que o senhor Cavaco tinha na mão um chicote e dava neles quando algum cria entrar à má fila.  O António Lopes, que era rico e acompanhava sempre com os pobres, que tinha umas mãos enormes, de vez em quando empurrava lá para dentro uns quantos, o Cavaco dava umas ripadas com o chicote e, se o António  Lopes ia na onda, não havia chicote, pois o Lopes era homem de respeito.         O meu tio José Felício Apolo, que era acordeonista, tinha lá garantido  um domingo de trabalho por mês e, quando era o domingo do Felício o baile enchia. Dizem que o meu tio tocava bem, ele que era analfabeto como quase toda a  gente naquele tempo, tocava de ouvido  e lá saíam as modas que a malta gostava, as valsa   e os tangos  argentinos do Carlos Gardel, “la cumparsita”, o mais famoso.    Acabado o baile das raparigas, digamos assim, já no outro dia, à uma ou duas da manhã, começava o “baile do teso”, que  era um divertimento que enchia  de gozo os participantes, normalmente alguns malteses, outros com a mania das forças  (a malta do campo sempre gostou dessa coisa de puxar para o cabedal)  e outros que por lá pareciam, como o meu tio António Sousa que foi tido como grande campeão, o meu tio Manuel Domingos, o tal António Lopes e o maior de  todos, o Pai da Malta.      O baile consistia em  os  participantes entrelaçarem os braços uns nos outros e tentarem deitar os outros ao chão através do jogo de pernas com rasteiras, mais ou menos como aquelas que se fazem hoje no Kitch Box. O campeão era o que chegava ao fim em pé. E havia malta brava. O pai da Malta, de quem quero aqui contar uma história um dia destes, era grande nesta disciplina. E nunca se ia abaixo.   Era mais ou menos assim o baile do CAVACO. 
SOUSAFARIAS



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