Platão: o Fédon
(Elnora Gondim)
O Fédon é um diálogo que começa com Sócrates recebendo amigos na manhã de seu último dia. Daí, surge à questão: que atitude o filósofo deve ter perante a morte?
Platão, então, começa o diálogo com Fédon afirmando que estava junto de Sócrates no dia em que ele tomou a droga. Isto significa que, no presente diálogo, Sócrates já estava ausente.
Aqui é bom enfatizar que Sócrates entre a sua sentença e a sua morte passou muito tempo no cárcere , sendo visitado por amigos. Em uma das suas falas, Sócrates afirma acreditar que os filósofos estariam prontos a morrer de bom grado, isto é dito, porque ele tem a certeza que o discurso sobrevive, ele não se dissolve gerando discursos.
O discurso é, assim, vida, é algo constituído, é Logos. Desta maneira, pensar de forma filosófica é fazer discurso que tem como ponto de partida o que disseram os poetas.
Contudo, com o acima exposto, não se quer afirmar que o filósofo deve ter um desprezo pelo sensível. Quem crer que Platão despreza o corpo, não o entendeu corretamente e como ele mesmo diz:
“... nós conhecemos a igualdade antes daquele momento que, vendo pela primeira vez as igualdades nas coisas, temos a idéia de que todas elas querem ser idênticas à igualdade (...) Seja como for, através das sensações é que temos que compreender que toda a igualdade sentida aspira à essência da igualdade em si, mas lhe fica aquém (...) aquela reflexão não tem outra origem, nem mesmo seria possível concebe-la senão partindo do emprego da visão, do tato ou de um dos outros sentidos...” [1] .
Desta forma , Platão parte do sensível para atingir o inteligível, parte da doxa para a verdade. Ele sempre se preocupou com a construção da vida até alcançar o mundo inteligível.
Sendo assim, Platão parte do sensível para refleti-lo .
Porém, o que o autor do Fédon faz é a diferença entre o corpo e a psique, onde o corpo é prisão da psique.Para isto, no entanto, ele começa com o corpo para atingir a racionalidade. Onde, neste caso, ela é Logos, discurso e este é imortalidade.
Assim, como o corpo discursivo está unido à psique, a função do filosofo é criar argumentos e é, desta forma, que ele ultrapassa o corpo. Então, o filosofo parte do não saber e, de alguma maneira, através do discurso, a psique se liberta dele. A psique, então, atinge a verdade.
[1] PLATÃO. Fédon, p.. 199.
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