A CABRA, O PORCO E A OVELHA - FÁBULAS
(LA FONTAINE)
A carroça do chacareiro se dirigia pela estrada para o mercado, levando um porquinho gordo, uma bela fêmea caprina e uma lanuda ovelha. O porco fazia tremenda gritaria. A ovelha, pacífica como sempre foi, nem deu valor aos gritos do porco, deitada no chão da carroça. A cabra, um popuco mais inquieta, ia e voltava dentro do espaço e mandou o porquinho ficar quieto, pois o destino dos três era o mesmo. Iam ser vendidos do mesmo modo. "Quê nada! Nossos destinos serão bem diferentes. Quem comprar a ovelha, vai tratá-la bem e deixá-la agasalhada no inverno, pentearão sua lã, e quando chegar o verão será libertada do calor pela tosquia, pois é criada para fornecer a lã. Já você, minha elegante senhora caprina, vai ser adquirida por alguém que aprecia o saudável leite que produzes. Terás, do mesmo modo, vida farta, abrigo e proteção contra lobos. Eu, entretanto, que forneço para quem me comprar? Só tenho a minha carne como atrativo para o comprador... E isto só posso dar depois de ser morto! Cóin! Cóin!Cóiiiinnnn!" Assim conclui o fabulista: ninguém pode revoltar-se contra seu destino que é traçado segundo a natureza de cada um. Mas, perguntemos nós: será que o destino dos animais (e dos homens também, né?) é aquele que nós lhes assinalamos segundo nossos interesses? Com tanto conhecimento sobre os males causados à saúde pelas carnes, com tanto conhecimento sobre os efeitos maléficos do leite, com tantas técnicas industriais para nossos agasalhos serem feitos de fibras cada vez mais inócuas, com máquinas e robôs para substituir o trabalho humano, será que não estamos em tempo de revisar essas fábulas?
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