A compulsão alimentar
(Adriano Segal & Eliana Raposo)
A compulsão alimentar
Adriano Segal (psiquiatra) & Eliana Raposo (psicanalista)
Revista Marie Claire – julho 2002 – nº 136
Resumo de Lual
Você tem fome de quê?
Quando um pedaço de bolo de chocolate surte um efeito de re.lax (calmante) é hora de fazer uma auto-análise – problema? Se isso acontece constantemente é preciso consultar um especialista (o endocrinologista).
Binge em inglês significa farra, bebedeira, logo o binge-eating – “farra alimentar”. Essa orgia também é cognominada de episódio bulímico. Porém na verdade, o transtorno é diferente de bulimia – um distúrbio com hábitos semelhantes, mas preocupando com o peso, fazendo uso inadequado de laxantes, diuréticos, vômitos voluntários e jejuns prolongados. O caso do compulsivo, a sensação de culpa não leva a pessoa a reverter a comilança com métodos agressivos e por isso normalmente engorda muito. Enfrentam problemas de altos níveis de colesterol e baixíssima auto-estima. Não basta receitar anfetaminas, é preciso muitas vezes associar antidepressivos, para reduzir a ansiedade que provoca o apetite insaciável e destrutivo.
Gula versus compulsão – é o excesso , porém a compulsão é o total descontrole movido por problemas emocionais e não por fome. Normalmente, não se satisfaz. Come demasiadamente e constantemente para aliviar a angústia, a frustração, o medo, a euforia ou tensão, preferindo principalmente os doces. Não basta mudar o cardápio, é necessário tratar da ansiedade.
Ao sabor das emoções – Além da ansiedade e dos maus hábitos adquiridos, buscar compensação na comida pode estar obedecendo à razões biológicas: elasticidade neural. Um hábito adquirido na infância. Explicação: o sistema nervoso central é um dos que se formam em primeiro lugar dentro do útero materno. Nessa fase, estão sendo produzidos 30 bilhões de neurônios que ainda não estão interligados através dos circuitos neurais. Até a adolescências esses circuitos vão se fundindo. Assim, se essa pessoa, na primeira infância, recebia uma mamadeira sempre que sentia um desconforto ou uma dor, quando adulta, passa a substituí-la para relaxar.
A compulsão alimentar é um transtorno específico diferente da bulimia e da anorexia. Quem se enquadra em três ou mais dessas situações abaixo, deve procurar ajuda especializada. Quando come:
· mais rápido do que o habitual;
· até se sentir desconfortavelmente saciada;
· muita comida sem estar com fome;
· escondida, por sentir vergonha da quantidade de comida;
· sente-se mal e deprimida, com sentimento de culpa.
O que fazer?
Procurar o apoio de um endocrinologista e de um psicólogo, porque a fome é fisiológica e o apetite, emocional. Estratégias para driblar a compulsão e reaprender a comer:
· Não fique com fome nem faça jejum e tenha sempre uma guloseima permitida – sobremesas diet. ;
· Aguarde cinco minutos antes de ceder à tentação de comer o primeiro doce. Se a vontade persistir, coma uma fruta, beba água, procure uma distração: telefone para um amigo, use o computador, leia um livro, faça algo que possa deter a sua atenção;
· Pratique esportes, pois ajudam a aliviar a tensão e a ansiedade.
um livro, faça algo que possa deter a sua atenção;
· Crie um ritual ao comer: não coma em pé, mastigue sem pressa, concentre-se no que está comendo e procure não fugir dos horários das refeições;
· Escreva um diário sobre tudo o que comeu e o que aconteceu antes de cada lanche e de cada refeição, para identificar o que detona os seus ataques de fome e possivelmente, mudar esse padrão;
· Pratique esportes, pois ajudam a aliviar a tensão e a ansiedade.
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