A educação na sociedade de classes: possibilidades e limites
(Paulino José Orso)
A educação na sociedade de classes: possibilidades e limites.
Segundo Paulino Orso, afirma que quem acredita na educação luta para a transformação da sociedade. Pois, a escola é reflexo da sociedade. Ou seja, a escola forma os alunos para a sociedade e não para si, colocando-se a serviço desta. Também encontramos aqui o cuidado que devemos ter com as análises positivistas da escola que a fazem responsável pelo sucesso ou fracasso de cada indivíduo. Segundo Orso, não é possível falar do professor abstratamente. E, se queremos compreender á escola, devemos antes de tudo compreender a sociedade. Neste sentido, eis a sua definição de educação: “poderia se dizer que a educação é a forma como a própria sociedade prepara seus membros para viverem nela mesma”.
Dado que o capital se perpetua na alienação da força de trabalho e na consciência alienada, o objetivo da educação formal é disciplinar os indivíduos, aliená-los para o conformismo, pois a educação tende a refletir a sociedade capitalista vigente. Contudo, a educação não é um bloco monolítico, por isso até predomina a educação abstrata, mas é permitido que nela se faça experiências diferentes. A educação no geral incentiva á concorrência o individualismo. Mas, se nesta sociedade gráfica o homem explora o homem, porque alfabetizar milhões de seres humanos? Isto leva a pessoa a sair do “estado vegetativo” e conquistar o mínimo de autonomia, ainda que isto seja insuficiente para torná-lo livre.
Para a sociedade capitalista não há problema na universalização da escola. Porém, esta escola não pode por em risco a propriedade privada. De qualquer modo, a extensão da educação a todos dependerá da pressão social. A educação que como moeda de negociação serve o próprio capital. Como sabemos duas são as saídas para a crise da superprodução do capital: a liberalização das fronteiras e a GUERRA. Portanto, para se entender a escola deve-se entender os movimentos do capital, uma vez que, os fundamentos da educação não são metafísicos, não são abstratos, pois, a educação está colada á transformação da sociedade. A escola está amarrada a sociedade.
Consequentemente, devemos lutar pela transformação da sociedade, a escola esta a serviço da manutenção do Status Quo. E “bom professor” passa a ser aquele que luta para além da escola. lembrando-se que para Marx, a transformação da sociedade depende do processo de desenvolvimento das forças produtivas. Para Marx, quem educa o homem é a sociedade. Novas relações sociais exigem um novo modo de educação. Como superar a educação para o trabalho? Precisamos perceber que o capitalismo é inviável para o ser humano para assim destruirmos as promessas burguesas e assim, desencadearmos novas formas de viver socialmente: baseados no coletivo, na cooperação. Somente os trabalhadores podem libertar os trabalhadores.
Qual o papel do professor nesta sociedade? Os professores devem estar sempre a aprender com a luta e com a história. Embora trabalhe com as idéias o professor não deixa de ser um trabalhador. O professor deve fazer o seu trabalho da melhor forma possível. Levar os educandos ao saber científico. Questionar a ideologia burguesa que afirma: “a educação transforma a vida das pessoas”. A teoria só é capaz de prender os homens se for radical, se atacar o problema em suas raízes. Deste modo, um bom trabalho docente levará os demais trabalhadores a se identificarem enquanto classe trabalhadora. Só assim se superará a condição de classe trabalhadora explorada. Ou a luta ou nada. O professor deve contribuir para a emancipação do ser humano.
Orso, Paulino José. Educação e lutas de classes. Organizadores: Paulino José Orso, Sebastião Rodrigues Gonçalves, Valci Maria Mattos. São Paulo: Expressão Popular, 2008
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