A biblioteca de babel
(Jorge Luís Borges)
“A biblioteca de babel” é um conto muito interessante. O texto é o relato de um indivíduo sobre o universo em que vive, ou seja, uma enorme biblioteca cujo real tamanho é desconhecido. Pensa-se até, no conto, que a biblioteca seria infinita. A biblioteca é composta por inúmeros hexágonos, incluídos em incontáveis andares, cada um contendo diversas estantes de livros. Os livros na biblioteca não apresentam uma ordem aparente, sendo eles dos mais diversos assuntos, nas mais diversas línguas e alguns até ininteligíveis. Os habitantes dessa biblioteca procuram, durante suas vidas, um significado para a existência da biblioteca, da ordem e do conteúdo dos livros. Angustiados por um ambiente injustificado, misterioso e confuso, o narrador do conto afirma até que se suicidam por não conseguirem encontrar significado nos livros da biblioteca.
Entendi que o conto é uma alegoria do mundo humano. A biblioteca seria o espaço-tempo em que a humanidade vive e cada livro representaria todo o conhecimento dos homens, todas as informações já registradas, todas as histórias (ou destinos, se preferir) de todos os indivíduos de todos os tempos.
Notei, particularmente, que o conto trata fundamentalmente de uma relação que a sociedade estabelece com a palavra escrita: a relação de que a palavra escrita foi escrita para ter um significado, um sentido, e por isso apresenta alguma coerência. O narrador do texto ressalta essa relação quando fala de homens que ficaram loucos buscando analisar e compreender os livros da biblioteca, procurando encontrar uma verdade absoluta ou divina neles. Interpretando essa passagem sob a perspectiva do caráter alegórico do conto, entendo que não se encontra sentido em toda a palavra escrita, em todo o mundo, em todo o universo (em toda a biblioteca). Algumas coisas do nosso mundo fogem a qualquer tentativa de lhes impor significado, como ocorre com os livros da biblioteca, e homens perdem a razão tentando lhes impor sentido.
Percebi o conto como uma representação da vida e de como a escrita é importante no modo de vida do homem desde o surgimento desse advento tecnológico. Do conto pude extrair a seguinte afirmação: a escrita não tem obrigatoriedade com o real, com o coerente. Justamente por isso, ela não tem, obrigatoriamente, um sentido único (não possuindo, às vezes, sentido algum). Atribuir coerência ao que se lê é uma mania humana, proveniente dos usos que fazemos da escrita, mas isso não quer dizer que a palavra possua sempre um significado claro e único, quando o possui.
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