O império do efémero
(Gilles Lipovetsky)
O tema da moda não faz furor no mundo intelectual. Há que sublinhar o fenómeno; ao mesmo tempo que não cessa de acelerar a sua legislação fugaz, de invadir novas esferas, de arrastar na sua órbita todas as camadas sociais e todos os grupos de idade, a moda deixa impassiveis aqueles que têm por vocação esclarecer as motivações e o funcionamento das sociedades modernas. A moda é celebrada no museu e relegada para a antecâmara das preocupações intelectuais reais; está em toda a parte na rua, na indústria e nos media e quase não aparece na interrogação teórica das pensantes.
Esfera ontológicamente e socialmente inferior, não merece a investigação problemática; assunto superficial, desencoraja a abordagem conceptual; a moda é o que suscita o reflexo crítico, antes do estudo objectivo, e se a evocam é sobretudo para a fustigar, demarcar distâncias, deplorar a estupidez dos homens e o vício dos negócios: a moda é sempre os outros. Somos sobreinformados em crónicas jornalisticas, subdesenvolvidos em matéria de inteligência histórica e social do fenómeno. À pletora dos magazines responde o silêncio da inteligência; a comunidade sábia caracteriza-se menos pelo esquecimento do ser do que pelo esquecimento da moda como folia dos artifícios e arquitectura nova das democracias.
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