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A Árvore da Vida
(Rafael Ciccarini)

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A Árvore da Vida (The Tree of Life, 2011) - Direção: Terrence Malick - Gênero: Drama - Elenco Principal: - Brad Pitt - Sean Penn - Fiona Shaw.

"Plantar uma árvore é criar um universo".

A Árvore da Vida é o tipo de filme que permanecerá por muitos anos como uma das grandes obras metafísicas do cinema. É um filme onde o cinema se propõe a pensar o mundo a partir da experiência audiovisual: independente do gosto do público, gostando ou não, é difícil negar-lhe força, potência, verdade, entrega e sobretudo muito rigor.

Há uma cena em que Brad Pitt, que interpreta o pai, planta uma árvore em companhia de seus filhos. Nesse gesto mínimo estaria talvez, todo o cosmos. De algum modo esta cena resume o de Tree Of Life: pensar o universo a partir da familia, oferecendo formas de conexão entre os assuntos sem, no entanto, determiná-los: Malick faz assim, um filme do deslumbre, do desconcerto frente ao grandioso, do movimento dos corpos celestes no espaço e também os corpos físicos, do surgimento do universo, sua expansão, sua dimensão de potência, mistério e assombro.

A narrativa, a princípio é em forma linear, o cotidiano de uma família do interior do texas nos anos 1950 e em paralelo, uma Houston contemporânea, urbana, edificada, onde circula um desorientado Sean Penn. já se tem aí material dramático interessante, quem é esse Sean Penn? O homem independente que rompe suas raízes ou o simulacro contemporâneo de um alguém que nunca deixará sua Texas, a casa onde fez nascer a vida e também a viu e a sentiu escapar, onde se fez homem à luz (ou à sombra) de seu pai.

Sean Penn traz consigo uma intensa reflexão sobre o tempo e fazendo com que o simples esquema passado/presente já não tenha mais capacidade de abrigar as forças em jogo. Porém,Malick vai mais longe e o efeito cosmológico já materializado na tela pela força de seu contato com a matéria terrena, continua, mostrando a revoada de pássaros em meio aos arranha-céus de Houston.

Ganha o espaço com imagens diversas do universo em diferentes eras, do que parece ser sua criação (Big Ben): o oceano, o fogo, os seres pré-históricos, explosões, constelações. O universo em movimento criando o tempo e a matéria. Tree Of Life, corajoso, vai ao limite da especulação filosófica via imagens e som. Malick trabalha pela primeira vez com efeitos visuais, embora ainda mais aberto e filosoficamente distante.

Nesse filme não se pensa o homem como algo pequeno e sem importância num universo imensamente maior, mas coloca questões morais e afetivas ocupando o mesmo lugar poético em que se pensa a natureza e o cosmos. Em The Three of Life, o grande convite de Malick é à nossa questão sensorial; antes de pensar, é preciso sentir. Não é sempre que temos tanta arte à nossa disposição. Goste-se ou não.

Visto no Festival de Cannes 2011.
Por Rafael Ciccarini, em 17/05/2011



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