Não Verás País Nenhum
(Maria Claudia Baima)
O
livro narra a história de um lugar onde tudo era controlado pelo Esquema, um
tipo de governo totalitário do futuro. O cenário é de águas poluídas, avanço do
deserto, doenças estranhas, miséria crescente, comidas artificiais com aditivos
químicos que injetam tranqüilidade direto no sangue, urina reciclada para beber,
o nordeste do país vendido para transnacionais e aquecimento solar.
Quem descreve a vida em 2003 é Souza, 55 anos, professor afastado das escolas
há muitos anos pelo Esquema. Foi considerado inadequado por ensinar os alunos a
pensar. Sua rotina resignada se abala quando uma simples coceira na mão se
transforma em um buraco. Um furo que vai tomando conta de sua mão, de sua
mente, de sua alma.
A
imagem do furo, em muitos sentidos, é a chave do livro. É a partir do furo
inesperado que a vida de Souza se transforma, levando-o a agir fora do Esquema.
Souza conta que “as secas definitivas vieram logo após o grande deserto
amazônico. Um ano sem gota de água e as represas de São Paulo secaram.
Apavorado, o povo fazia promessas, enchia as igrejas”. As pessoas
precisavam de fichas para beber água, circular em bairros como os
Privilegiados, as Zonas Populopostais, os Círculos Oficiais Permitidos e os
Acampamentos Paupérrimos. Souza é um mutante, por vezes moralista, segundo o
próprio autor, que também se pergunta: “quem é Souza? É consciência? Revolta?
Esperança?”. O furo foi uma medida desesperada do corpo para acordar sua alma e
levá-lo a resgatar o país que um dia conheceu?
O ano de 2003 passou, mas o aspecto profético do livro insiste em permanecer.
Loyola rebate: “Não faço um livro profético do que virá a ser. Mas do que pode
vir a ser”.
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