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Educação: falta um olhar solidário.
(Estude Sempre)

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Por mais de vinte e cinco
anos atuo como professor e pertenço àquela parcela significativa da população,
embora não majoritária, que pouco ou nada precisou do ensino público. Porém, abordo
aqui uma realidade que tem ficado à parte das discussões de boa parte da classe
média e dos extratos “A” e “B” da sociedade. Refiro-me à completa ausência de
preocupações, conversas e discussões em nosso círculo social, quanto à situação
das crianças e jovens matriculados no ensino público. Situação esta que quase
nunca é mencionada em nossas tradicionais festas de aniversário, nas academias
de ginástica, nos salões de beleza, shoppings centers da vida e assim vai. Por
outro lado, conversas sobre o carro novo, sobre a viagem ao exterior, a
respeito de uma nova dieta, de um novo cosmético que ajuda no rejuvenescimento
e do telefone celular de última geração, são assuntos largamente presentes nestes círculos
sociais.

Em geral nestes ambientes uma ou duas palavras
no máximo são trocadas sobre as imensas diferenças de condições de estudo e rendimento
escolar entre os alunos pertencentes à rede privada e seus pares da rede
pública, estes últimos majoritariamente oriundos de famílias de baixa e baixíssima
renda.

Um
motivo óbvio para tal indiferença é que estes extratos mais elevados da
pirâmide social tem os filhos estudando na escola particular. Por conseguinte, porque
haveriam de se sensibilizar com problemas da rede pública ?! Em uma sociedade
que estimula a todo momento as diferenças sociais, o consumismo e o sucesso
individual, esperar a priori algum tipo de preocupação com as injustiças sociais ou algum
gesto de solidariedade que parta das camadas de maior renda, seria de uma ingenuidade
muito grande; o egoísmo é uma forte e triste marca das sociedades modernas e
muitos de nós sofrem deste triste defeito.

Assim
sendo, sabemos que não é por desconhecimento da realidade que a discussão sobre
a situação dos alunos de escolas públicas não faz parte da preocupação de parcela
considerável da classe média para cima. Ocorre sim por concordância com esta
realidade e insensibilidade social mesmo.


Portanto,
um olhar solidário de nossa parte sobre os problemas do ensino público se faz
necessário. Conversas e discussões informais devem ocorrer nos diversos
ambientes dos extratos mais aquinhoados da sociedade. É possível que estas
conversas suscitem algumas ações, por exemplo: boas escolas particulares incorporando
ao próprio “Projeto Político Pedagógico
(PPP)” algumas vagas para aqueles alunos dedicados, pertencentes às
famílias de baixa renda. Uma outra ação diz respeito à Prefeitos, Governadores,
ou seja, políticos em geral, que pertencem à estes extratos sociais privilegiados. Estes com o poder que
desfrutam poderiam com as conversas e discussões, sensibilizar-se diante do
quadro e passar a ver a causa da educação pública com mais seriedade e agir de
fato para a melhoria da mesma.

Fiz
aqui apenas duas sugestões e de forma bem resumida, pois o objetivo principal
deste artigo não é apontar caminhos e sim chamar a atenção para o problema. Da
preocupação, conversas e debates às mais diversas soluções a distância é menor,
inclusive com o envolvimento de empresas.

Deste
modo o primeiro passo é a preocupação com a realidade do ensino público,
sobretudo daqueles que por terem seus filhos no sistema privado de educação,
fazem questão de ficar à parte do problema. Algumas pessoas argumentam que já
pagam seus impostos e deste modo já cumpriram sua parte. Mas isto não justifica
deixarmos de ter uma participação cidadã e pensarmos serem os governos os
únicos responsáveis pela promoção de uma educação de qualidade, para as
crianças e jovens de famílias de renda mais modestas.

O ensino público tem gerado predominantemente
um profissional de baixa remuneração, nível cultural primário e de pouca
respeitabilidade social para uma boa parcela de pessoas. Cito aqui algumas
profissões relacionadas a este perfil de profissional: porteiros, pedreiros,
motorista de ônibus, caixa de supermercado, faxineiros e frentistas de postos
de gasolina.

Embora sejam de fato profissões tão dignas
como qualquer outra, não justifica que quase que obrigatoriamente os filhos das
camadas populares tenham que dar continuidade à profissão dos pais. Quem sabe
não gostariam do mesmo modo de ser médicos, professores, arquitetos,
economistas ou advogados! O sistema de cotas universitária só faz sentido se
for temporário. Temporário até que o ensino público venha a ter uma qualidade tal,
que permita aos seus alunos ingressar no ensino superior bem mais pelo mérito,
do que por alguma forma de compensação por parte do governo ou da sociedade.

Concluindo,
não é saudável para o nosso processo civilizatório que crianças e jovens de
famílias de renda mais baixa, estudem desde cedo em condições bem piores se
comparadas ao ensino particular e tendo um aproveitamento escolar tão abaixo. Permanecer
insensível ao problema e fazer “vista grossa” é desumano com milhões de alunos
e desumaniza aqueles que assim procedem.



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