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Saímos De Casa Há Tanto Tempo
(Roberto Ramírez Bravo)

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Num conjunto de onze histórias, este autor mexicano oferece uma visão muito latino-americanizada, indígena em certas ocasiões, por vezes urbanista, contudo nunca contraditória de um mundo mágico. Há quem diga que por vezes é complicado fazer a distinção entre realidade e fantasia, apesar de os onze contos terem uma história muito concreta para contar. Destaca-se, por exemplo, o caso do Soldado, em que o protagonista, um militar de baixa patente, enfrenta o seu próprio medo e angústia da morte, após ter participado no extermínio de povos guerrilheiros, numa montanha no Sul do Mexico. Em certa altura o autor joga com uma visão do conto não-policial.. É decidir: o relato onde se reúnem as características do conto negro, se bem que o resultado não seja o clássico deste género, como Na teia da Aranha, onde um polícia investiga a morte do seu próprio pai e tem que suspender a sua investigação quando um facto inesperado aparece; e o Cadáver, onde o anfitrião de uma festa morre intempestivamente e no dia seguinte ninguém sabe do paradeiro do cadáver, entre versóes de que foi devorado pelos seus convidados ou que desparareceu numa missa satânica. Saudade, é uma espécie de lenda invertida, a lenda vista do ponto de vista do protagonista, que não consegue entender o seu destino. Um homem que dedicou a sua juventude a ingerir cogumelos alucinogénicos, sai em busca de uma mulher que na sua terra consideram como uma intermediária dos deuses antigos, perdendo-se a meio do caminho, sem poder regressar jamais, vivendo perdido pelos montes, como um fantasma a quem as pessoas deixam velas nas raízes das árvores antigas. Em Saímos de Casa Há Tanto Tempo - conto que dá nome à obra - Roberto Ramírez Bravo, conta a história de uum menino-homem, que parte seguindo os passos de um homem - pai ou irmão mais velho - percorrendo o mundo, até que descobre a Verdade da sua vida. O Paraíso, conta uma tragédia mexicana, com a música do grupo musical portugês Madredeus como tela de fundo. Uma desilusão amorosa, uma dor, um vácuo sem nome e, finalmente, o horror que desabrocha como uma margarida. O mundo infantil é também retomado em O Voo da Mosca, onde um menino com cerca de seis anos de idade, conta as suas e aventuras e os seus feitos com a sua irmã mais velha. Outros contos como Robot de Sonhos II, Só Cantava o Mar e O Sonho Azarado são um caso à parte. No seu conjunto representam um jogo de espelhos entre o irreal e a realidade, donde cada fragmento se reflecte surgindo uma imagem diferente. Um adolescente vive 14 anos encerrado num casarão com os seus tios, que lhe disseram que fora de casa o mundo está contaminado pela Morte trazida pelas invasões francesas no México em 1853. Segundo estes quem sai de casa morre. Contudo a história é falsa: o rapaz vive na década de 80 do século XX. Uma rapariga francesa mais fantasiada do que real, ensina-lhe coisas sobre o Mundo, os aviões e as bolas,contudo... nada é verdade... Neste terceiro livro o autor desvenda o mundo em que viveu, de um ponto de vista muito particular e de certa forma influenciado pelos contos mexicanos contemporâneos.



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