Getúlio Vargas Parte Iii
(Rui Arts)
A Aliança Liberal Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba uniram-se a políticos de oposição de diversos estados, inclusive do Partido Democrático de São Paulo (cujo chefe, Paulo Nogueira Filho, participou do Congresso Libertador realizado em Bagé, em 1928), Para se opor à candidatura de Júlio Prestes, formando, em agosto de 1929, a Aliança Liberal, que lançou em 20 de setembro seus candidatos às eleições presidenciais: Getúlio Dornelles Vargas para presidente da República e João Pessoa, presidente da Paraíba, para a vice-presidência da República. Washington Luís tentou convencer os presidentes gaúcho e mineiro de desistirem dessa iniciativa. Em carta dirigida a Andrada, argumentava que 17 estados apoiavam a candidatura oficial. Getúlio Vargas enviou o senador Firmino Paim Filho para dialogar em seu nome com Washington Luís e Júlio Prestes. Em dezembro de 1929, formalizou-se um acordo, em que Getúlio Vargas comprometia-se a aceitar os resultados das eleições e, em caso de derrota da Aliança Liberal, a apoiar Júlio Prestes. Em troca, Washington Luís comprometia-se a não ajudar a oposição gaúcha a Getúlio, a qual praticamente não existia pois Getúlio unira o Rio Grande do Sul. A Aliança Liberal teve o apoio de intelectuais como José Américo de Almeida, João Neves da Fontoura e Lindolfo Collor, Virgílio Alvim de Melo Franco e Afrânio de Melo Franco, de membros das camadas médias urbanas e da corrente político-militar chamada "Tenentismo". Destacavam-se, entre os tenentes: Cordeiro de Farias, Eduardo Gomes, Antônio de Siqueira Campos, João Alberto Lins de Barros, Juarez Távora, Luís Carlos Prestes, João Cabanas e Juracy Magalhães e ainda o general reformado Miguel Costa. O presidente de Minas Gerais, Antônio Carlos, disse em um discurso, interpretado como um presságio e uma demonstração do instinto de sobrevivência de um político experiente, ainda em 1929, ao implantar o voto secreto em Belo Horizonte: - Façamos serenamente a revolução, antes que o povo a faça pela violência. A eleição e a morte de João Pessoa A campanha eleitoral ocorreu relativamente calma, dentro dos padrões de violência da República Velha, sendo que o episódio mais grave foi o "Atentado de Montes Claros", quando uma passeata de adeptos de Júlio Prestes foi dissolvida a tiros por elementos aliancistas daquela cidade. A eleição para a presidência da república foi realizada no dia 1º de março de 1930 e vencida por Júlio Prestes, com 1.091.709 votos contra apenas 742 797 dados a Getúlio - que, no entanto, obteve 100% dos votos do Rio Grande do Sul. Júlio Prestes foi eleito para governar de 1930 a 1934. Houve acusações de fraude eleitoral, de ambas as partes, como sempre houvera, em todas as eleições brasileiras desde o império. A Aliança Liberal recusou-se a aceitar o resultado das urnas. A Aliança Liberal denunciou que os seus deputados e senadores eleitos, em 1 de março de 1930, não obtiveram o reconhecimento dos seus mandatos na Comissão de Verificação de Poderes do Congresso Nacional. Os partidários de Washington Luís e Júlio Prestes se defendiam dizendo que houve apenas um caso: a Paraíba, onde houvera duplicidade de atas eleitorais, o que sempre ocorrera na República Velha. A Aliança Liberal também acusava Washington Luís de estar por trás da revolução, ocorrida na cidade de Princesa na Paraíba, que visava derrubar o Presidente João Pessoa. A partir daí, iniciou-se uma conspiração, com base no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, com a intenção de não permitir que Júlio Prestes assumisse a presidência, o que deveria ocorrer em 15 de novembro. Essa conspiração sofreu um revés em junho, com o Brado Comunista de Luís Carlos Prestes, que deveria ter sido o comandante militar da revolução de 1930, mas desistiu de seu comando para apoiar o comunismo. Logo em seguida, morreu em acidente aéreo o tenente Siqueira Campos. O comadante militar secreto da revolução ficou sendo então o Tenente-Coronel Pedro Aurélio de Góis Monteiro. Getúlio Vargas e João Pessoa. No dia 26 de julho de 1930, João Pessoa, então presidente da Paraíba, foi assassinado por João Dantas, em Recife, por questões de ordem pessoal. Dantas, cuja família era inimiga política de João Pessoa, tivera seu escritório de advocacia saqueado. Foi arrombado o cofre onde se encontravam cartas e poemas de amor da escritora Anayde Beiryz, que foram divulgados e considerados escabrosos. Alguns livros de história afirmam que a correspondência foi publicada no jornal oficial do governo estadual: A União. Outros dizem que as cartas apenas circularam de mão em mão. De qualquer forma, tornaram-se públicas. Foi um escândalo. No dia 26 de julho, quando João Pessoa estava com amigos na Confeitaria Glória, em Recife, João Dantas vingou-se: acompanhado de um cunhado, disparou dois tiros contra o peito do presidente da Paraíba, dizendo: "Sou João Dantas, a quem tanto humilhaste e maltrataste". João Dantas foi preso e levado para a Casa de Detenção da Paraíba, onde foi espancado e morto. Oficialmente, suicidou-se. Anayde foi encontrada morta em 22 de outubro, por envenenamento, em Recife. Outro suposto suicídio. Apesar de totalmente desvinculado da eleição de Júlio Prestes, o episódio do assassinato de João Pessoa foi o estopim que deflagrou a mobilização armada dos partidários de Getúlio. O Presidente da República fora avisado repetidas vezes pelos seus assessores que havia um movimento subversivo em marcha, mas Washington Luís não tomou nenhuma medida preventiva para impedir a revolução.
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