Técnicos Da Infraero Admitem Ter Liberado Pista No ''olhômetro''
(Rui Arts)
Técnicos da Infraero admitem ter liberado pista no ''olhômetro'' SÃO PAULO - os dois técnicos que liberaram a pista principal do Aeroporto de Congonhas para pouso no dia do acidente com o Airbus da TAM disseram em depoimento no 27 Distrito Policial terem feito apenas a verificação visual do volume de água na pista. Ou seja, liberaram a pista pouco antes do acidente no "olhômetro", sem o uso de instrumentos para aquele fim. A informação é do promotor Mario Luiz Sarubo, que acompanhou os depoimentos dos técnicos Aguinaldo Molina e Ezdias Barros. Segundo ele, os dois disseram que a régua só é usada na medição quando há poças d´água e, no dia do acidente, eles não viram poças na pista. Os investigadores querem saber se era possível e adequado fazer a avaliação apenas visualmente e enxergar uma lâmina de água de três milímetros (pouco mais que a espessura de uma moeda de cinqüenta centavos) - o que determinaria o fechamento da pista. FAB: Airbus tocou pista com velocidade normal mas não desacelerou o suficiente O brigadeiro Jorge Kersul Filho, chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes (Cenipa), confirmou que o avião da TAM teria batido no prédio, após sair da pista, a uma velocidade aproximada de 175 quilômetros por hora, conforme informaram no início da tarde de terça-feira os deputados Efraim Filho (DEM-PB) e Marco Maia (PT-RS), que acompanham em Washington a coleta de dados das caixas-pretas do avião da TAM . Kersul afirmou que a velocidade no momento em que o avião tocou a pista de Congonhas estava dentro do normal, e que o Airbus não teria desacelerado o suficiente. Segundo as informações transmitidas pelos parlamentares em Washington, a aeronave teria pousado dentro da velocidade padrão, de 110 a 120 nós por hora (entre 203,7 quilômetros por hora e 222,24 quilômetros por hora), e colidiu com o prédio da TAM lateralmente, a uma velocidade de 175 quilômetros por hora. Entre estas velocidades, afirmam, o piloto não teria condições de retomar a altitude ou arremeter, caso estivesse em dificuldades para frear na pista molhada. Técnicos dizem que análise visual é normal De acordo com o promotor, apenas dois técnicos da Infraero fizeram a checagem da pista, que tem 1.900 metros de extensão, antes do pouso do Airbus. Ao delegado, os dois técnicos disseram que o procedimento de análise visual é normal. Dois comandantes da TAM que voaram com o Airbus 320 antes do acidente, José Eduardo Batalha Brosco e Paulo Marcelo Souza Soares, também foram ouvidos pela polícia. Segundo o delegado Antônio Carlos Menezes Barbosa, do 27º DP (Campo Belo), ambos disseram que o avião estava em boas condições e atribuíram o acidente à pista do aeroporto Apesar de criticarem as condições da pista, os pilotos da TAM disseram que o fato de o reverso da turbina direita do Airbus estar desligado não atrapalha o pouso no aeroporto, mesmo com chuva. Eles disseram ao delegado que a pista de Congonhas ficou mais escorregadia depois da obra de reforma feita pela Infraero. A obra foi entregue incompleta, sem as ranhuras (grooving) usadas para aumentar o atrito dos pneus na frenagem e escoar a água em dias de chuva. O presidente da Infraero negou nesta terça-feira que o órgão tenha cedido a pressões das companhias para acelerar a conclusção da obra. Porém, ata da audiência pública que aconteceu em 2 de abril, antes do início da reforma, mostra que o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas manifestou a preocupação de que as obras não fossem concluídas até o final de junho, antes do início da alta temporada. A pista foi reinaugurada no dia 29 de junho e bastou chover para que pelo menos três aviões derrapassem.
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