Altruísmo
(Giuliano Pereira D'Abronzo)
Por que devemos acreditar que ainda é possível melhorar a sociedade? Por que devemos crer que ainda é possível ter esperança? Para que devemos fazer algo, se tudo parece estar perdido? As demonstrações reiteradas de ofensa ao ser humano parecem dizer o contrário.
Razões diversas existem para não crermos que exista possibilidade de se mudar o quadro atual. Fatos e mais fatos ocorrem todos os dias que mostram a sordidez, a miséria e o egoísmo. Tudo isso macula a esperança de que é possível viver em paz e harmonia.
Outras tantas razões surgem para comprovar essa realidade. Às vezes, é verdade, ficamos esperançosos, pois vemos ações nobres que valorizam a multiplicidade de opiniões, a unidade através das diferenças e o respeito aos diferentes, tudo com base no livre arbítrio. Outras, ao contrário, deixa-nos cambaleantes, pois parecem tirar nossa esperança de que o ser humano é capaz de amar e respeitar, seja seu semelhante, seja o meio em que vive. Pisa em seu semelhante, destrói seu planeta, elimina a individualidade de ser com os mais variados argumentos. E se justificam, sem sequer assumir sua responsabilidade perante o quatro atual.
Valores nobres são abandonados, pelo argumento de que são ultrapassados. O que se prega é a capacidade de se levar vantagem, sem se importar com as conseqüências. Não mais se priva pelo respeito ou pela solidariedade, mas apenas pelo prazer imediato, que tira de cada um a responsabilidade pela sociedade atual. Será que a nobreza do ser humano realmente está ultrapassada?
Intermináveis argumentos, justificativas e explicações procuram isentar as responsabilidades de cada um. Ninguém assume sua responsabilidade por seus atos. Diante disso, a sociedade atual jamais é responsabilidade individual de cada um. No entanto, claro está que tudo isso tem criado a sociedade atual, onde o egoísmo se impõe e gera o desrespeito. Somos os responsáveis sim, e cabe a nós mudarmos o caminho vivido pela sociedade, sem hipocrisia ou demagogia.
De tudo o que se nota, sabemos que falta muito ao ser humano reconhecer-se e reconhecer o seu semelhante. Não é tirando dos demais que faremos uma sociedade justa, não privando crianças de seus sonhos que teremos um quadro social adequado, não é com o uso da violência que teremos segurança, mas é agindo pautado em valores como o respeito e a moderação, dando oportunidade de manifestação e argumentação a todos, para que na multiplicidade de formas e aspectos se encontre a unidade baseada no amor. A opressão e a violência apenas agravam esse quadro.
Agir, esse é o melhor caminho para mudarmos a sociedade. Não bastam críticas, argumentos e palavras, mas ação efetiva. Mas essa ação deve partir do respeito às múltiplas formas de se encarar o mundo, às visões diferentes e às formas de se contemplar a vida, ou seja, deve ser altruísta. O egoísmo fecha os olhos às diferenças e retira a esperança. Só o altruísmo devolverá a esperança ao ser humano, e é isso o que precisamos nos dias de hoje.
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