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A Biografia da Síndrome do Pânico
(Marcelo Rosas)

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COMO ENTENDER? Na Síndrome do Pânico o organismo responde a um alarme falso, o corpo reage como se estivesse frente a um perigo extremo, porém não há nada visível que possa justificar esta reação. Na Síndrome de Pânico o perigo vem de dentro. As sensações são inúmeras, aparentam ser infinitas: taquicardia, perda do foco visual, falta de ar, dificuldade de respirar acompanhada de tosse incontrolável e seca, formigamentos nas extremidades dos membros, vertigem, tontura, dor ou desconforto no peito, medo de perder o controle, sensação de irrealidade que chamo de confusão mental, despersonalização, medo de enlouquecer, sudorese, tremores, náuseas, desconforto abdominal, calafrios, ondas de calor, medo de desmaiar, sensação de iminência da morte, boca seca. Tudo começa do nada absoluto, sem motivo aparente ou pelo próprio medo de ter tais sintomas como se quisessem vir à tona. Uma das características da Síndrome é a pessoa viver com muita ansiedade, na expectativa constante de ter uma nova crise. Este processo, denominado ansiedade antecipatória, leva muitas pessoas a evitarem certas situações e a restringirem suas vidas a um mínimo de atividades. Podem ocorrer reações de fobias secundárias, que geralmente estão relacionadas às situações nas quais a pessoa teve as primeiras crises (no elevador, dirigindo, passando por um determinado lugar, durante a infância, etc). A partir daí, a pessoa passa a associar essas situações às crises. A partir daí se evita sair de casa, do quarto ou, até, da cama. Ficar na cama por outros motivos, certamente, é bem melhor do que por conta do medo de tudo mesmo o tudo sendo um nada. Não pergunte do que o portador tem medo; nós não sabemos. Na nossa cabeça é simples, pode acontecer alguma coisa e eu vou morrer. Melhor ficar aqui mesmo que as possibilidades não estejam totalmente afastadas. Tomar banho, lavar as mãos, contar coleções, arrumar o quarto, não falar ou falar demais com algumas pessoas, comer, telefonar, escrever dentre tantas tarefas usadas como fuga se transformam em compulsão obsessiva. A solidão, as sensações de ser diferente e a impotência diante de tudo dão lugar à depressão. A Síndrome, o Transtorno Obsessivo Compulsivo e a Depressão caminham juntas no calçadão de nossa mente. O que gastam são nossas calorias e nossos neurotransmissores nos deixando cansados, na maioria das vezes, da vida. O suicídio é uma conseqüência real e próxima. É uma necessidade, surge como a alternativa para acabar com tudo. Este sentimento acentua quando nos damos conta do mal que provocamos, do sofrimento que não é exclusividade nossa. Antes de ter o diagnóstico definitivo percorri inúmeros médicos de várias especialidades dentre elas: clínica geral, cardiologia, pneumologia, neurologia, medicina oriental além dos especialistas que me atenderam nas emergências da cidade de Recife. A cada consulta uma bateria de exames, inúmeros diagnósticos, e vários medicamentos prescritos. Mas nada foi suficiente para arrancar de mim a angustia que sentia bem no meio do peito, tão pouco minimizar os sintomas instalados. Tudo por que o diagnóstico clínico é tênue demais. Todos os sintomas são, aparentemente, orgânicos. Não é possível ver com clareza o abstrato que está ao redor do portador, nem existem exames que dêem positivo para o Pânico. A Síndrome é algo novo e muito discutido no meio médico e como toda novidade está sujeita ao preconceito, incompreensão e modismos. Como portador de todos os sintomas posso falar de cátedra que não se pode estar com pânico e sim ter Pânico. Quem é portador deste distúrbio sofre durante anos e vive com o fantasma por toda vida. Não é algo que se tem durante um final de semana ou acontece e passa quando convém. Há o desequilíbrio de nossos neurotransmissores adrenérgicos, serotoninérgicos, dopaminérgicos e tudo isto vai além do racional; proporciona/desencadeia uma gama de reações orgânicas e emocionais que não podem ser banalizadas. Do contrário o diagnóstico correto fica cada vez mais comprometido e o uso dos medicamentos específicos poderá ser inadequado assim como aconteceu com a depressão que ao longo do tempo virou sinônimo de tristeza. Distúrbios nervosos não são estados de espírito, mas sim alterações profundas na alma, no centro das emoções e no controle da razão. Afetam o passional e provocam a total falta de amor próprio. Os especialistas neste assunto e os portadores da Síndrome do Pânico devem manter vigilância contra o desrespeito e a banalização dos fatos. Ter o que temos não é para qualquer um; é preciso chorar, sofrer, e suar muito a camisa até achegar aonde chegamos. Não é motivo de orgulho, mas não deve se tornar motivo de vergonha. Há quase três anos diagnosticado, sou portador desta Síndrome e demorei a me aceitar. Fui alvo do meu próprio preconceito. Talvez ainda seja. Mas hoje falo abertamente sobre isto, não estou curado e, certamente, tempo é algo que eu corro contra. Expor-me é uma necessidade para mostrar o que realmente é a Síndrome do Pânico. Não é o fim do mundo, tão pouco a doença do século.



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