Dom Casmurro
(Machado de Assis)
“Dom Casmurro” é a história de Bentinho, um menino ingênuo que se apaixona por uma menina esperta, Capitu. Depois de casados, descobre que ela o trai com o seu melhor amigo. O filho de ambos seria dela com o amigo. A falta de provas e a desconfiança fazem-no corroer-se de ciúmes, que o destroem por dentro e o transformam em um homem precocemente envelhecido, e fechado, aborrecido, tanto que é apelidado por um conhecido de Dom Casmurro. Daí o nome do livro, que tem todo interesse na incerteza e na dúvida. O narrador vai desfiando índices da traição de Capitu, desde os seus olhos dissimulados, com tudo para serem falsos, para enganarem, até os trejeitos do filho, que arremedam os do amigo. Mas o narrador é o marido traído, e, como é parte interessada, sua desconfiança não pode ser confiável. Por outro lado, o marido é sempre o último a saber. Quem, em sã consciência, duvidará de que Capitu traiu Bentinho? Ele, afinal, não era meio boboca e meio frouxo? Ela não era mais inteligente e, além disso, fingida? Se fosse nos tempos em que Machado de Assis escreveu a obra, vá lá, o pessoal era muito crédulo, todo mundo era capaz de jurar que qualquer mulher era santinha só porque era mulher. Mas hoje, comigo não, jacaré? Hoje, qualquer um sabe que o homem é trouxa da mulher. Em todo caso, é um livro sobre o ciúme, como esse sentimento destrói o homem. Principalmente o homem, que é mais fácil de ser levado pela mulher, do que a mulher por ele. É um elogio à sagacidade da mulher, que em todos os tempos superou o homem. Qual é o homem, por mais machão, que não cai como um patinho diante do altar dessa deusa insaciável?
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