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Chatô: O Rei do Brasil
(Fernando Moraes)

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A história polêmica dessa figura carismática de Assis Chateaubriand se mistura com a história do rádio, da tv e dos jornais mais importantes do Brasil. O paraibano Assis Chateaubriand criou e dirigiu a maior cadeia de imprensa do país, os Diários Associados: 34 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 estações de televisão, uma agência de notícias, uma revista semanal (O Cruzeiro), uma mensal (A Cigarra), várias revistas infantis e uma editora.
A estréia no jornalismo aconteceu aos quinze anos, na Gazeta do Norte. Dedicou-se então Chateaubriand ao jornalismo, escrevendo no "Jornal Pequeno" e no veterano "Diário de Pernambuco". Em 1917, já no Rio de Janeiro, colaborou no "Correio da Manhã", em cujas páginas publicaria impressões da viagem à Europa, em 1920.
Em 1924 assumiu a direção de O Jornal - o denominado "órgão líder dos Diários Associados" - e já, no mesmo ano, consegue comprá-lo graças a recursos financeiros fornecidos por alguns "barões-do-café" liderados por Carlos Leôncio (Nhonho) Magalhães, e por Percival Farquhar que Chateubriand, alegadamente, teria recebido como honorários advocatícios. Substituiu artigos soníferos por reportagens instigantes e deu certo. A partir daí começou a constituir seu império jornalístico, ao qual foi agregando importantes jornais, como o Diário de Pernambuco, o jornal diário mais antigo da América Latina, e o Jornal do Comércio, o mais antigo do Rio de Janeiro. No ano seguinte, Chatô arrebatou o Diário da Noite, de São Paulo. Nessa altura, já tinha o jornal líder de mercado na maioria das capitais brasileiras.
A ascensão do império jornalístico de Assis Chateubriand deve ser entendida no quadro das transformações políticas do Brasil durante as décadas de 1920 e 1930, quando o consenso político oligárquico e fechado da República Velha, centrado em torno da elite agrária de São Paulo, começou a ser contestado por elites burguesas emergentes da periferia do país; não é uma coincidência que Chateaubriand tenha apoiado o movimento revolucionário de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder, assim como durante toda sua vida tenha fanfarroneado a sua condição de provinciano que chegou ao centro do poder como uma espécie de bucaneiro político. A ética quase nunca constava da sua estratégia empresarial: chantageava as empresas que não anunciassem em seus veículos, publicava poesias de seus maiores anunciantes em seus diários e mentia descaradamente para agredir os inimigos. Farto de ver seu nome na lista de insultos, o industrial Francisco Matarazzo ameaçou "resolver a questão à moda napolitana: pé no peito e navalha na garganta”. Chateaubriand devolveu: "Responderei com métodos paraibanos, usando a peixeira para cortar mais embaixo”. Foi também inimigo declarado de Rui Barbosa e Rubem Braga. Apesar disso Chatô teve relação cordiais (e sempre movidas a interesses econômicos) com muitas pessoas influentes, o Conde Francisco Matarazzo, Rodrigues Alves, o presidente da poderoso truste canadense de utilidades públicas Light & Power Alexander Mackenzie, o empresário americano Percival Farquhar e Getúlio Vargas. sua amoralidade assumida, Assis foi um empresário genuíno, com espírito inquieto e empreendedor, sempre adquirindo novas tecnologias para os Diários Associados, foi assim com a máquina Multicolor, a mais moderna máquina rotativa que se tinha noticia, e cujo o grupo de Chateaubriand foi o 1º e único a possuir por longo tempo, e foi assim também com os serviços fotográficos da Wide World Photo, esses serviços possibilitavam uma transmissão de fotos do exterior com uma rapidez muito maior do que possuía qualquer outro veículo nacional. Foi assim também com a publicidade, grandes contratos de excluisvidade para lançamento de produtos com a General Eletrics, e para o Pó achocolatado Toddy, cujos anúncios estavam sempre nas paginas de seus jornais e revistas. Além disso, a moda dos anúncios em jornal pegou e nas paginas dos jornais dos Diários Associados apareciam anúncios sobre modess e cheque bancário, itens que na década de 1930 eram revolucionários.
Com o tempo Chateaubriand foi dando menos importância a seus jornais e se focando em novas empreitadas, como o rádio e a televisão. Na década de 1960 os jornais atolavam-se em dívidas e trocavam as grandes reportagens por matérias pagas. Foi assim, com esse espírito de vencedor, empreendedor, às vezes sem muita ética, mais temido do que amado que Assis Chateaubriand fundou e ruiu em dividas (advindas das novas tecnologias importadas) com o maior império das telecomunicações no país. A sua única obra que ficou para a posteridade foi o Museu de Arte de São Paulo (MASP), com uma coleção privada de pinturas de grandes mestres europeus que ele havia sabido adquirir a preços de ocasião na Europa empobrecida do Pós-Segunda Guerra Mundial (em aquisições por vezes financiadas a base da chantagem de empresários brasileiros), coleção esta que o presidente Juscelino Kubitschek havia tido o bom senso de, durante seu governo, colocar sob a gestão de uma fundação, em troca de auxílio governamental ao pagamento de parte da astronômica dívida do condomínio associado.
Em 1968 morria Chateaubriand, velado ao lado de duas pinturas dos grandes mestres: um cardeal de Velázquez e um nu de Renoir, simbolizando, segundo seu protegido, o arquiteto italiano e organizador do acervo do MASP Pietro Maria Bardi, as três coisas que mais amou na vida: O poder, a arte e a mulher pelada. Morreu também com seu império se esfacelando e com o surgimento do reinado de Roberto Marinho.
Foi um dos homens mais influentes do Brasil nas décadas de 40 e 50 em vários campos da sociedade brasileira.



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