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Maternidade - Metamorfoses
(Teresa Rocha Leite Haudenschild)

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Metamorfoses
Teresa Rocha Leite Haudenschild
Resumo e considerações
A autora descreve o comportamento de uma mãe nas primeiras semanas de cuidados com o recém-nascido, neste caso, uma menina. É uma situação de aprendizado simultâneo, da mãe que virou avó; da filha que tornou-se mãe; e de um novo ser sendo introduzido na cultura. A paciente conta com acompanhamento terapêutico semanal, mas pede espaçamento para quinzenal, depois sente a necessidade de tê-lo a cada semana.
"A avó cuida de Sabrina e da mãe como se fossem duas filhas. Dá mamadeira a Sabrina, depois dá suco à mãe", conta a analista, autora do texto em questão. Interpreto que, em um primeiro momento, a mãe está regredida, precisando de cuidados, de atenção. Talvez, com leve depressão pós-parto, o que se dissipa, posteriormente, quando avó e mãe passam a planejar o que farão extra-lar, independente de Sabrina.
A paciente vai adquirindo confiança e segurança em si mesma, com a ajuda da terapêuta, que desempenha o papel de acompanhante, dando apoio psicológico para enfrentar a nova situação (pelo que dá a entender o texto, é uma mãe de primeira viagem). A terapêuta não está no papel de sogra ou mãe-provedora nem de filha-demandante.
O pai, por sua vez, deixa sua função de "cuidador" de plantas, para cuidar de um ser mais complexo, Sabrina, conferindo um certo conforto à mãe. Ela não se vê tão abandonada com os cuidados da filha - que, afinal, é atribuição dos dois, pai e mãe. Mesmo assim, a mãe sente o abandono, a solidão, e o paliativo para reduzir tal sensação é ligar a televisão. Isso me parece uma espécie de fuga, igualmente, uma vez que os cuidados sobre Sabrina, então, eram desempenhados pela avó.
De qualquer forma, a paciente toma para si a responsabilidade de cuidar do bebê, reafirmando "Quem cuida da Sabrina sou eu, não é, filhinha?". Nesse momento ela mais expressava o desejo de cuidar da filha do que cuidar propriamente, porque a tarefa foi monopolizada pela avó.
"Passando para sua casa, ela faz como sua mãe: cuida da alimentação, da limpeza, arrumação, dá mamá a Sabrina e papá para o papi-filho (assim como a mãe dava mamadeira a Sabrina e suco para ela). Ela não é a mãe-da-casa?". Interessante este trecho, porque marca a condição assumida da mãe, e muito mais, porque esta é a "mãe-da-casa", muito mais simbólico do que ser apenas a "dona-de-casa".
Esta mãe-da-casa se assume como tal, passando a dar conta dessa casa constituída por mãe, filha e pai, no real e no simbólico - inclusive o ex-só-cuidador de plantas, o pai, passa a impor regras sobre o tratamento para com Sabrina. "Diz que o marido não quer que ela dê banho (no bebê) antes de sair, mas quer me mostrar Sabrina mamando – segurando a mamadeira sozinha, dando passinhos, como uma menina crescida." Sabrina cresce pelas mãos e cuidados da "mãe-de-casa".
Nos primeiros dias de vida, Sabrina reivindica por meio do choro, brinca com a mãe, e principalmente, olha. Os olhares correspondidos levam à Sabrina a experiência de socialização, aceitação, com o que ela vai adiante na comunicação possível. Sabrina é acolhida e, satisfeita, demonstra uma alegria serena.



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