Paban
(Yago Duvivier)
PABAN. Há alguns dias atrás, recebi um convite de meu melhor amigo para a festa de aniversário de um ano de seu primeiro filho. Aceitei de imediato, primeiro pela grande amizade fraterna que nos une e segundo pelo filho de meu amigo que é uma graça de garoto, como diz minha namorada. Nesses dias atribulados, com contagem regressiva para o fim de ano, sinceramente confirmo que esqueci do aniversário do garoto. Como se isso não fosse digno de vergonha, só fui me lembrar da tal data quando meu amigo enfático me perguntou: “Você vai, né?” . A solução que encontrei foi dar um sorriso amarelo e confirmar minha presença. De fato iria na comemoração do pequeno Yann, jamais faltaria. Recordei-me de quando esse meu amigo veio me contar que iria ser pai. Estava trabalhando quando chegou e disse que sua esposa estava grávida. Parabenizei-o ,alias criança é sempre motivo de alegria,sempre torna o ambiente mais agradável e marcamos de sair para comemorar o acontecimento. Eufórico concordou, mas confidenciou-me que tinhas seus receios, suas duvidas em relação á educação do rebento, que iria mudar seus hábitos, começando pela mania de ouvir música no último volume, que estava pensando em até vender o aparelho para evitar o risco de ligá-lo por acaso. Apesar de eu ter dito ser uma bobagem, acabou trocando o aparelho por uma bicicleta ergométrica, queria ser um pai enxuto e um quarentão sarado, apesar de faltar quase vinte anos para isso. Enfim o menino nasceu, forte e grande, felizmente parecido com a mãe. Meu amigo não demorou a aparecer apático, sempre sonolento e indisposto. Recusava sair com amigos e até jogar uma partida de futebol aos sábados. Dizia que o garoto chorava quase que todas as noites devido as cólicas e outras coisas que a maioria das crianças tem quando pequenas, impedindo que dormisse após um dia exaustivo de trabalho.Enfim declarou que achava que as crianças deviam vir com três teclas: on, off e mute,para eventuais ocasiões. No fim do último dezembro quando fui desejar um bom ano, disse-me em sigilo que estava PABAN. Indaguei sobre o que era o tal PABAN , se era um possível partido político,resoluto simplesmente respondeu: -Pais a Beira de um Ataque de Nervos, ué! Ri do tal PABAN, me senti penalizado pelo que estava acontecendo com meu amigo, pelo momento difícil pelo qual estava passando, mas de nada poderia fazer, ele estava amadurecendo, se tornando pai, um verdadeiro homem. As mães já são mães desde que se descobrem grávidas, quando sabem que carregam uma vida dentro de si, mas os pais se descobrem quando vêem a criança diante de seus olhos, pequena, frágil, precisando de proteção, de alguém que as conduza. O homem as vezes precisa sentir que alguém precisa ser salvo por ele,alguém precise de sua ajuda,nem que seja para abrir um vidro de maionese aparentemente fácil de se abrir. Nesse um ano que se passou após o nascimento de Yann, meu amigo se redescobriu, começou a perceber que tinha mais coisas para se fazer do que ficar jogado no sofá assistindo futebol, inclusive assistia a todos da segunda divisão, jogou fora toda a sua coleção de revista de mulher pelada e hoje dispensa até as tradicionais partidas de futebol com a galera, a não ser que possa levar o filhote. Uma vez o questionei se havia se arrependido por ter se privado de alguma coisa em razão do pequeno herdeiro. Sorridente respondeu que não,que o garoto era como luz do sol ultrapassando grossas nuvens cinzas,fazendo tudo ficar diferente, formando uma nova tonalidade de cor,mas que estava se preparando para o FCSP. FCSP? Afinal o que significava? Filhos Crescendo Significa Problemas. É,o garoto estava crescendo.
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