O BACHAREL DE CANANÉIA
(Marco Antonio Santos Cruz)
Fernando Martins Licht afirma que: ”Na expedição de André Gonçalves e Américo Vespúcio [1502], teria vindo entre outros degredados, um certo “Bacharel”, cuja condenação nunca chegou a ser conhecida. Foi banido de Portugal por ato do Rei. D. Manuel, com desterro a ser cumprido na extremidade sul do Brasil , conhecida como Cananéia.” O “Bacharel” teria sido o fundador de três povoados: Cananéia, Iguape e a povoação que se tornaria São Vicente. Ele, de fato, foi encontrado por Diogo Garcia, em 1527 [ou 1528], em São Vicente e, em Cananéia, por Pero Lopes de Sousa, em 1531. O brigadeiro e historiador Jose Joaquim de Oliveira [1864], declara ser esse “Bacharel”, Francisco Chaves, porém o “Diário da Navegação de Pero Lopes de Sousa” assinala “Chaves” e o “Bacharel” transportados no Bergantim de Pedro Eanes à presença de Martim Afonso de Sousa. Ainda Toríbio de Medina acredita ser Duarte Coelho o célebre “Bacharel”. Aires do Casal supõe ser ele João Ramalho ou Antonio Rodrigues. Ernesto Guilherme Young e Teodoro Sampaio concluíram que o “Bacharel” em questão é Cosme Fernandes Pessoa, fundador de Iguape, o mesmo mestre Cosme encontrado com os castelhanos. Ruiz Dias Gusmán, em sua obra “La Argentina”, escrita em 1612, diz que o Bacharel se chamava Duarte Peres [ou Pìres]. O “Bacharel” teria se casado com uma índia chamada Caniné, daí Cananéia, [segundo E. de Sousa]. Ele mantinha uma feitoria [com muita adesão de náufragos e desertores], para abastecer e refrescar os navios em trânsito [de qualquer bandeira], fornecia intérpretes, tinha um estaleiro e fazia comércio de escravos. Ele tornou-se um rei naquela região inóspita. Eduardo Bueno registrou que o Bacharel “tinha pelo menos seis esposas, mais de 200 escravo e mais de mil guerreiros. dispostos a lutar por ele.” Gonçalo da Costa era casado com uma filha do “Bacharel” e, de volta à Espanha recebeu convite do Rei de Portugal D.João III para comandar a armada de colonização do Brasil e convencer seu sogro [“por bem ou por mal”], a abandonar São Vicente e voltar para seu lugar de degredo, Cananéia.. Gonçalo recusou o convite de “espoliar seu sogro” e o Rei teve que chamar apressadamente seu amigo de infância, Martim Afonso de Sousa para comandar a expedição. Henrique Montes, até então associado ao “Bacharel”, entretanto, traiu o “amigo” fornecendo valiosas informações ao rei de Portugal e embarcando como prático da região [ele recebeu depois as terras de Jurubatuba e Ilha Pequena pelos serviços prestados]. Há quem pense que não fossem as intrigas sobre o Bacharel [chamando a atenção para aquela “terra de ninguém”], que a colonização não tivesse sido apressada através de Martim Afonso de Sousa. O seu nome foi apagado da história brasileira. Após a partida de Martim Afonso de São Vicente as forças do Bacharel invadiram São Vicente destruindo a povoação e assassinando Henrique Montes . Tupi.
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