A Ascenção do Império Egipcio
(Paul Jonhson)
O Egito e seu povo se sujeitaram às lentas transformações do tempo. Como grande parte da África, houve uma época em que todo o Egito foi habitável. Por volta de 10000 a.C., no último período do paleolítico médio, as chuvas locais diminuíram aceleradamente. As pastagens e savanas da planície egípcia se transformavam em deserto. Mais tardiamente, em 2350 a.C., a média pluvial no Egito ainda era muito mais alta do que a de nossos dias - superior a 15,24 centímetros por ano, mas continuou a decrescer ao longo da história. Quase todo o país se tornava, assim, cada vez mais inóspito para animais e seres humanos. A quantidade de hipopótamos, gazelas, búfalos e avestru­zes diminuía gradativamente. Durante o tempo dos faraós, onagros, gados selvagens, avestruzes e leões continuaram a ser intensamente caçados; nos primeiros dez anos de seu reinado (c. 1413-1403 a.C.), Amenófis III se vangloriou de ter matado, com as próprias mãos, 102 leões; 200 anos mais tarde, no pilono de pedra de seu templo em Madinat Habu, Ramsés III esculpiu o esplêndido panorama de uma caçada régia de onagros e touros. Na época romana, existiram, de fato, muitos hipopótamos no delta do Nilo, mas, em geral, o crescimento do deserto foi inexorável, direcionando a fauna das planícies para um sul cada vez mais longínquo e obrigando os seres humanos a irem para os oásis... sobretudo, para o vale do Nilo.Por isso o Egito é indissociável do Nilo e sua civilização se sentia centrada nessa região, dizendo que o centro do mundo era ali.Fechados em seu mundo começou a teocracia egipcia, base de sua cultura.
O Nilo parece ter começado a adquirir seu curso atual há cerca de 10 mil anos. No tempo em que as planícies secavam, a chuva das flores­tas africanas e as neves que se derretiam na Etiópia criaram a inundação anual, transformando o grande rio em um construtor geográfico. Através das rochas graníticas e da extensão de arenito quase tão ao norte quanto a antiga Tebas, ele abriu caminho em direção ao sul da Primeira Catarata; orientou-se, então, pelo planalto de pedra calcária até o mar Mediterrâneo, onde englobou o delta aluvial. Esculpindo nas rochas uma sucessão de várzeas e terraços multiplicados pelos sedimentos carregados pela corrente, o Nilo criou um oásis contínuo de 1.200 quilômetros de comprimento ao longo de todo o seu trajeto, da Primeira Catarata até o mar.
Enquanto a savana se tornava deserto, o homem paleolítico co­meçou a descida para os terraços do Nilo, se direcionando, em seguida, para o fundo do vale, inicialmente pantanoso. Por muitos milênios, a região desde a Primeira Catarata até Tebas foi um lago, ao passo que grande parte do delta permaneceu alagadiça até a nossa era. Potencialmente, entretanto, possuindo 21.280 quilômetros quadrados no próprio vale e, mais distante, 23.200 quilômetros quadrados no delta, ela era uma fértil terra agrícola. O Nilo não forneceu apenas água confiável, mas também excelentes depósitos aluviais e fertilização. Por volta de 5000 a.C., os caçadores paleolíticos das planícies se transformaram em agricultores neolíticos e pastores do vale e do delta, formando a economia agrícola do Egito histórico. Faltou completar a conquista da terra pantanosa e começar o aproveitamento do rio com diques, barragens, reservatórios, canais... É aí que a história do Estado egípcio se encontra com a da cultura produzida por ele.
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