Vaidade
(LOURIVAL BANDEIRA & Roque Jacintho)
Vaidade
Era uma vez um Rei muito vaidoso.
Esquecia seus súditos, gastando fortunas para satisfazer
caprichos pessoais.
Um dia anunciou que doaria generoso prêmio a quem trouxesse,
na palma da mão, alguma coisa que representasse o seu poder.
No tempo marcado, apareceram os candidatos.
O primeiro colocando-se diante do Rei abriu a mão e
- oh! - nela estava bela miniatura de uma coroa de ouro, toda cravejada
de pedras preciosas.
O Rei fez um muxoxo.
Outro, tomando-lhe a vez, espalmou na destra um trono,
esculpidoem delicado marfim e terminado em artísticos entalhes.
O Rei sorriu lisonjeado.
Seguiram-se outros candidatos traziam imponentes corcéis;
arcasde tesouro com jóias miniaturizadas; mantos esplendorosos.
A todos, o Rei após arregalar os olhos, determinava que passassem
para o lado.
O último era um jovem.
Modestas roupas não escondiam o seu belo porte.
Adiantou-se calmamente abriu diante do Rei a sua palma.
Estava limpa e... vazia! - como?!
- indignou-se o Rei, ao ver que nada havia
na mão dojovem -. que significa isto, afinal?!
O jovem sorriu.
- Majestade - disse, fazendo ligeira revêrencia e
continuandoa mostrar a mão vazia, toda a autoridade na
Terra é uma delegação do Pai celestial e todo poder será sempre
retomado um dia.
Que poderia melhor representá-lo, perante Deus
que é o seu doador?
Nada melhor do que a palma da mão imaculada como o era no
dia do nascimento.
O Rei ruborizou e baixou a cabeça.
Conta-se que, a partir daquela data, o Rei entrou em meditação e
passou a ser menos generoso consigo próprio e
mais devotado ao povo que lhe fora confiado no Reino.
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