Francisco Sá-Carneiro
(Tomás Mendonça)
Nasceu no Porto em 1934 e morreu num trágico “acidente” em Camarate em 1980.
Este homem era uma personalidade fogosa e determinada e distinguira-se como deputado da chamada “ala liberal” do período Caetanista do regime autoritário, tendo chegado a propor uma comissão de inquérito parlamentar á polícia politica.
Em 2 de Fevereiro de 1973, renunciava ao mandato, desiludido com a incapacidade de Marcelo Caetano para liberalizar o regime.
Integrou o 1º Governo Provisório como ministro adjunto do então primeiro- ministro Palma Carlos, em representação do Partido Popular Democrático (PPD), que acabava de fundar em 8 de Maio de 1974, partido este que se viria a transformar no Partido Social Democrata (PSD).
Afastou-se da vida politica por motivos de saúde entre Fevereiro e Agosto de 1975, e é reeleito presidente do PSD em Setembro desse ano, renunciando ao cargo em Novembro de 1977, em consequência de desavenças internas, regressando em Julho de 1978.
Acentua desde aí a sua oposição ao General Eanes, nomeadamente após a nomeação de Maria de Lurdes Pintassilgo para primeira-ministra do 5º Governo Constitucional.
Depois de tentar a coligação com o PS, acabou por optar por um acordo com o CDS em 5 de Julho de 1979, tornando-se o chefe da AD, que o levou ao apogeu da sua carreira politica.
Foi Primeiro-ministro do 6º Governo Constitucional do regime democrático saído da Revolução do 25 de Abril de 1974. Este governo foi formado na sequência da vitória eleitoral da Aliança Democrática (AD) que foi a coligação entre o PSD e o CDS em 2 de Dezembro de 1979.
Desenvolveu uma politica agressiva e determinada com vista á afirmação de um novo poder de centro-direita e á criação de condições para assegurar a vitória nas eleições de Outubro de 1980, que dariam lugar a uma nova legislatura de 4 anos.
Com esse objectivo atingido, empenhou-se a fundo na vitória do seu candidato ás eleições presidenciais de Dezembro desse mesmo ano, o General Soares Carneiro. Dessa vitória dependia a consumação do seu projecto de revisão radical da Constituição em vigor por processo refenderário, com dispensa da regra constitucional estabelecida de aprovação por maioria de dois terços dos deputados eleitos, de forma a consolidar o novo poder politico de que surgia como chefe incontestado.
Três dias antes do acto eleitoral, morria na queda de um pequeno avião.
Nem a onda emocional causada por este trágico acontecimento permitiu inverter a tendência previsível para uma vitória folgada do General Ramalho Eanes logo á primeira volta.
O projecto de Sá Carneiro e a própria AD ficavam assim condenadas a uma extinção próxima.
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