Bernardino Ribeiro
(Antonio Guerra)
Bernardino Ribeiro terá nascido no Torrão no Alto Alentejo, frequentado a Universidade de Lisboa entre 1507 e 1511 e feito parte da roda dos poetas da corte de D. Manuel I.
A sua vida é um mistério, sendo-lhe atribuído um amor dirigido a uma mulher de alta linhagem, que seria talvez a infanta D. Beatriz, que se casaria com o duque de Sabóia. Deve-se recordar que na época do Renascimento, e na corte do Rei Venturoso, as infantas viviam rodeadas de damas de boa linhagem que, como elas, se interessavam pelas artes, protegiam os poetas, e falavam entre si o latim.
Bernardim Ribeiro, que tem poesia incluída no Cancioneiro Geral, cultiva o género italiano introduzido por Sá de Miranda, utilizando o metro tradicional da redondilha maior, recordando, pelo tom das suas composições, as pastorelas dos antigos cancioneiros. Escapa ao formalismo da linguagem, como escapa ao dos temas.
O seu lirismo é sentido; o poeta interioriza a lição que recebe de Petrarca, exprimindo o amor como aspiração e a saudade como a procura do que é simultaneamente distante e difuso.
A vida misteriosa de Bernadino a que se fez referência terá ficado represntada na sua obra. A novela inacabada “Menina Moça”, conhecida durante algum tempo como o “Livro das Saudades”, será um “roman à clef”, ou seja, um romance, cuja interpretação necessita de uma “chave” que lhe é exterior. Essa chave estará em factos da vida do autor.
Também na poesia, particularmente na égloga “Crisfal” estes factos estão presentes, os dois pastores, heróis da égloga, correspondem a figuras reais. Alguns estudiosos pensam que o herói masculino, Cristóvão Falcão, é de facto o autor da composição.
A própria autoria da obra de Bernardino é enigmática, para o que terão contribuído ainda as vicissitudes da composição e publicação do manuscrito da “Menina e Moça”. Este foi impresso em Ferrara, em 1554, já depois da sua morte, embora fosse conhecido antes.
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