O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel
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Épico fantástico. Dos anéis construídos pelos senhores do universo para controlarem as forças da natureza, um deles perdeu-se na chamada Terra-Média. E o anel perdido foi justamente o de Sauron, espécie de demônio derrotado em combate contra o humano Isildur. Das mãos de Isildur para às do réptil Gollum, o anel ficaria perdido durante séculos, até ser encontrado pelo pequenino Bilbo, que, aos 111 anos, deixa-o de herança para o jovem Frodo. O presente levará Frodo, acompanhado do mago Gandalf e de mais três hobbits (raça de anões à qual Frodo pertence) a uma perigosa jornada até Valfendar, terra dos elfos, sempre perseguidos pelas forças do mal comandadas por Sauron, que quer de volta o anel. Ao grupo se juntarão mais quatro guerreiros de diferentes raças, inclusive o humano Aragorn, descendente de Isildur, para uma viagem suicida até Moldor, reino de Sauron, a fim de atirar o anel de volta às lavas do vulcão onde foi forjado. Batizado A Sociedade do Anel, o grupo terá de enfrentar não apenas guerreiros, monstros, demônios e lugares assombrados, mas principalmente o poder sombrio do anel, capaz de corromper todos os que estão ao redor.
Projetado desde o início para ser uma obra monumental, este filme em alguns instantes até faz jus à pretensão dos produtores e do diretor Peter Jackson (o mesmo maluco que fez filmes tão díspares como Fome Animal e Almas Gêmeas). Demonstrando fôlego para preencher as quase três horas de duração sem se tornar cansativo, este primeiro Senhor dos Anéis inunda os olhos do espectador com imagens belíssimas e surpreendentes, cenários inacreditáveis e uma fotografia cuja imaginação parece não ter limites.
De fato, é tudo muito bonito de ser ver e curtir. O problema, que não é exclusivo deste filme, é que um universo não se cria apenas com cenários. É preciso alguma coerência, alguma profundidade, e um mínimo de dramaticidade para que o espectador se sinta como parte dele. Senão o filme se torna um game, onde só importa passar para a fase seguinte, e não interessa o que o protagonista pensa ou sente. Opondo-se às deslumbrantes (e vertiginosas) cenas de Gandalf aprisionado no alto da torre, ou as passagens na cidade dos anões ou nos picos gelados, tem-se a sensação de vazio dos personagens, tanto em suas falas quanto em seus desempenhos (em três horas, só há uma cena sem efeitos especiais que merece aplauso, que é o reencontro de Bilbo com o anel - mérito do ótimo Ian Holm). Nenhum dos atores, e isso vale também para as participações especiais, consegue ultrapassar a linha do correto, o que para um épico monumental é muito pouco. Idéias interessantíssimas como a corrupção dos seres pelo anel são mal aproveitadas, e erros infantis e gritantes se acumulam: os tão temíveis orcs, quando surgem, mostram-se incapazes de vencer um punhado de guerreiros, mesmo estando em franca maioria; da mesma forma age o demônio gigante, que corre atrás do heróis e não pega nenhum. Assim fica difícil torcer para os mocinhos, quando as cartas já estão tão abertamente marcadas, e a expectativa criada termina por não se realizar. Embora no argumento haja perigo de sobra para Frodo e seus companheiros, o roteiro não cria situações de perigo à altura. E é uma pena que tais equívocos (que não desmerecem de todo o filme, nem impedem o missivista de recomendá-lo) provavelmente não serão corrigidos nas duas continuações por vir (As Duas Torres e O Retorno do Rei), visto que a trilogia foi realizada simultaneamente, e exibida com um intervalo de um ano entre cada filme.(Escrito em janeiro de 2002, quando do lançamento do filme no Rio de Janeiro.)
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