São Paulo, 300 anos de uma cidade
(Vitor Hugo Bransalise - OESP)
Em 11 de julho de 1711, D. João V então rei de Portugal, assinoua elevação, e o povoado no alto da serra, deixou de ser vila, passoua ser cidade. Era um aglomerado de duzentas e dez casas de taipa em ruas de terra batida, com sete igrejas e quatro bicas d’agua. Tinha mil habitantes, entre índios escravizados, portugueses recém chegados e mamelucos filhos da terra. Nesse dia os vereadores discutiam na Câmara a crise mais grave: a falta de sal, maso transporte ilegal de éguas pelo caminho do mar, também preocupava.
Na prática a elevação permitia que a cidade pudesse servir de residência para o governador e capitão-mor da capitania de São Paulo e Minas do Ouro e que ganhasse um bispo.
Foi a sétima cidade do Brasil, antes dela, apenas Salvador, Rio, Paraíba, Olinda, São Luiz e Cabo Frio haviam recebido a condição.
Politicamente, a elevação foi considerada uma adulação, um agrado para o povo que mais conhecia o que interessava a Coroa: o caminho para as minas de ouro.
O povo era tido como rebelde e buscava mais espaço nas aspirações da Coroa e, se esforçava para atender as necessidades impostas pela nova condição. Considerada insubmissa, acreditava merecer mais atenção de Portugal, afinal foram os bandeirantes paulistas os descobridores do ouro nas Cataguases (Minas) em 1693. Em 16 de abril de 1700 reivindicaram toda as posse das Gerais. A Coroa não concordou e isso fez com que os mamelucos paulistas e mais um punhado de índios pegassem espadins e carabinas e fossem as Minas. Iniciava-se em 1708 a Guerra do Emboabas. Derrotados no conflito, os paulistas continuaram fieis a insubmissão. “A vila de São Paulo jámuitos anos é república per-si, sem observância de lei, nem divina, nem humana”, escreveu ao rei, em 1693, o governador geral da colônia, Antonio da Câmara Coutinho.
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