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Música Para Camaleões
(Francisco Martins)

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MÚSICA PARA CAMALEÕES: TRUMAN CAPOTE

Truman Capote percebeu ainda durante a juventude que havia uma diferença subtil, mas devastadora entre escrever-se muito bem e dominar uma verdadeira arte.
Tanto na literatura como na intimidade, seguiu sempre a ideia de que devia apostar mais alto. Música para camaleões (1980), que ao mesmo tempo que aposta em novas formas de escrever, desvia-se de todo o seu savoir-faire literário, é a grande prova disso. De facto, o sucesso de A sangue frio (1966) criou um dilema a Capote: como prosseguir sem repetir os próprios passos? A resposta é dada nesse livro, o qual radicaliza o projecto do jornalismo literário. Livre do enquadramento do romance, do anonimato e da imparcialidade, Capote arrisca-se a exibir plenamente, não só ele próprio mas os outros agilmente, com personagens e situações, que ao revelarem-se abertamente, tocam a ficção, sem ser importante quem são: o próprio Capote, uma velha senhora das Caríabas que toca piano para camalaões, um beatnik digno de Charles Mason, um serial killer cerebral em competição com um detective empedernido, todos no oeste americano, na companhia de Marilyn Monroe num velório. O que torna Música para Camaleões uma pequena joia é que todos, com brilho, horror ou vulneráveis, se expõem ao máximo



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