É possível distinguir dois grandes grupos de cantigas: as cantigas líricas e as cantigas satíricas. As cantigas líricas subdividem-se em cantigas de amor e cantigas de amor; as cantigas satíricas, em cantigas de escárnio e cantigas de maldizer.
Nas cantigas de amor, a maneira provençal, o falante declara seu amor por uma dama da corte (tratada de dona –aquela que possui domínios, propriedades –ou senhor, isto é, senhora, aquela que tem senhorios).
Nas cantigas de amigo, que se originaram na própria Península Ibérica como expressão do sentimento popular, a característica marcante é o sentimento feminino, ou seja, a voz é feminina, apesar de a cantiga ser escrita por um homem.
Como se pode observar, a principal distinção entre a cantiga de amor e a de amigo está no eu lírico, no sujeito da enunciação: se o “dono” da voz é homem “amor” ou se a “dona” da voz é a mulher (amigo).
As cantigas satíricas, ao contrario, abandonavam o sentimento amoroso e dirigiam seu foco para as relações sociais: os costumes, notadamente do clero e dos vilões (camponeses livres); a covardia; a decadência da nobreza, que perdia espaço para a burguesia ascendente; o adultério feminino.
A principal distinção entre as cantigas de escárnio e as de maldizer residia em sua forma de expressão: as cantigas de escárnio eram sátiras indiretas, que exploravam palavras e construções ambíguas, expressões irônicas.
Já as cantigas de maldizer eram sátiras diretas, com citação nominal da pessoa ironizada e temas que abordavam o adultério e os amores interesseiros ou ilícitos, como no caso dos padres.
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