A Madona
(Natália Correia)
A Madona é um texto literário narrado por Branca, uma jovem rapariga nascida em Briandos, uma aldeia rodeada de montanhas e de preconceitos quase intransponíveis pela sede de liberdade existencialista que assola a Europa. Quando o pai de Branca morre no leito da prostituta local e a sua viúva é forçada por um tácito acordo com a sociedade rural a ignorar as circunstâncias da sua morte, Branca decide libertar-se da sua vida espartilhada, enquanto mulher campestre, e refugia-se em Paris. Nesta capital europeia, espera-a uma proliferação inaudita de palavras de liberdade, igualdade e tolerância, proferidas por todos com a fúria de quem quer anular séculos de repressão sexual num único dia. Em Paris, Branca conhece Miguel, um jovem escritor que a apresenta aos bastidores da revolução de ideias e coreografa a sua nova atitude face às convenções e ao pudor sexual com que crescera. Os amantes de Branca sucedem-se, num rodopio de que Miguel é um espectador quase passivo, convencido de que consegue minimizar os seus sentimentos ao intelectualizá ? -los. Por fim, Branca rejeita os ciúmes de Miguel, sempre camuflados sob uma racionalização exacerbada que a exaurira, e decide abandoná-lo. Vagueia por algum tempo pela Europa, mas acaba por regressar a Briandos. Algum tempo passado, sem nunca abandonar as liberdades que tinham estado interditas à sua mãe, Branca recebe a visita esperada de Miguel. Encontra-o envelhecido e adoentado, embora mais afectado pelos remorsos que as suas perversões tinham deixado para trás do que por qualquer outro tumor. É então que a Fénix do seu amor por Miguel renasce da compaixão que não consegue deixar de sentir, e assim decide partir com ele, rumo a novos ideais.
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