Como Um Romance
(Daniel Pennac)
Um livro sobre o amor aos livros Neste momento, acompanho os primeiros passos do meu filho na longa estrada da leitura: o descobrir das letras, depois dos pedacinhos, mais adiante das palavras e, por fim, do sentido combinado nas frases. É muito impressionante reviver essa descoberta passo a passo e, como mãe de primeira viagem e leitora compulsiva, me vi diante das inevitáveis perguntas: meu filho vai gostar de ler? Como orientá-lo nos primeiros passos de seu caminho como leitor? Pois bem, já há algum tempo, eu descobri que meu anjo da guarda acha mais seguro falar comigo através de um livro (como eu estou sempre com um na mão, ele deve ter certeza que a mensagem será recebida). E dessa vez não foi diferente. Me caiu quase que no colo, o livro ?Como um romance?, de Daniel Pennac. É magnifíco! Recomendo vivamente a todos. É uma declaração de amor ao ato de ler, além de um excelente guia para pais e professores sobre como aproximar crianças e jovens da leitura. Em primeiro lugar, o livro me tranqüilizou como mãe, recomendando com entusiasmo comovente a manutenção do precioso vínculo de intimidade que criamos quando contamos histórias para as nossas crianças - mesmo quando elas já sabem ler. Confiram um trecho do livro a esse respeito: ?(...)aquele ritual da leitura, toda noite, à sua cabeceira, quando ele era pequeno - hora certa e gestos imutáveis - tinha um pouco de prece. (...)Sim, a história lida cada noite preenchia a mais bela das funções da prece, a mais desinteressada, a menos especulativa e que não diz respeito senão aos homens, o perdão das ofensas. (...) um retorno ao único paraíso válido: a intimidade. Sem saber, descobríamos uma das funções essenciais do conto e, mais amplamente da arte em geral, que é impor uma trégua ao combate entre os homens Por outro lado, encontrei em Daniel Pennac um apaixonado pela leitura, mais uma das várias almas-irmãs com que venho esbarrando pelo caminho. Transcrevo, abaixo, outro trecho do livro que aborda um dos tópicos mais polêmicos em relação à leitura: onde arrumar tempo para ler. Acompanhem a opinião de Pennac: ?A partir do momento em que se coloca o problema do tempo para ler, é porque a vontade não está lá. Porque, se pensarmos bem, ninguém jamais tem tempo para ler. Nem pequenos, nem adolescentes, nem grandes. A vida é um entrave permanente à leitura. (...) O tempo para ler é sempre um tempo roubado. (Tanto como o tempo para escrever, aliás, ou o tempo para amar.). Roubado a quê? Digamos, à obrigação de viver. (...) O tempo para ler, como o tempo para amar, dilata o tempo para viver. (...)Eu nunca tive tempo para ler, mas nada, jamais, pôde me impedir de terminar um romance de que eu gostasse. A leitura não depende da organização do tempo social, ela é, como o amor, uma maneira de ser. A questão não é saber se tenho tempo para ler ou não (tempo que, aliás, ninguém me dará), mas se me ofereço ou não a felicidade de ser leitor.? Eu concordo com Daniel Pennac. Não sei explicar como, mas também sempre acabo encontrando algum tempo para ler o que realmente desejo. E vocês? Concordam com ele? Conseguem organizar um tempo para a leitura? Aguardo comentários!
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