Este pequeno livro escrito em 1888 marca a posição do autor de transvalorar todos os valores. Uma crítica radical dos valores do cristianismo com o ousado diagnóstico de que estes são responsáveis pelo adoecimento do homem.
Um experimento transvalorado, já que aqui o cristianismo não é avaliado na verdade de seus dogmas, mas sim como fenômeno moral que norteia todo o processo civilizatório ocidental; se posiciona de fora destes valores buscando identificar o jogo de forças que estão presentes na sua origem e que permanecem ainda. O que quer saber é: o que valem esses valores e para onde eles nos levam.
Verifica no cristianismo uma interpretação do mundo puramente ficcional, sem nenhum contato com a realidade, pelo contrario, movida pelo ódio e pelo ressentimento desta mesma realidade.
Busca entendê-lo desde sua raíz judaica quando esta ainda possuía um Deus poderoso e que se transforma depois num Deus bom; quando se torna impotente perante o conquistador. A releitura que seus profetas fizeram do seu passado, no exílio, traduzida em termos de obediência ou não a Deus, é a causa das grandezas e sofrimentos de um povo. A invenção do pecado como forma de controle sacerdotal sobre um povo.
O papel de Jesus: Visto como um revolucionário anarquista que traz a
Boa Nova na sua prática de vida, destruindo toda a distância entre Deus e o homem. Jesus veio ensinar uma
vida nova e não uma
nova fé.
Sua morte na cruz renova o espírito de vingança em seus apóstolos que não conseguem entender o motivo de tanta crueldade e precisam encontrar um culpado. Paulo encontra no signo
Deus na cruz a fórmula para a vingança e invertendo todos os ensinamentos do mestre, que ele nem mesmo conheceu, cria uma religião do ódio aos valores aristocráticos em favor de tudo o que é baixo, fraco, impotente.
Paulo consegue inverter a
boa nova de Jesus criando uma religião sacerdotal que vence Roma, o modelo de civilização para homens fortes.
O modelo de civilização que triunfa com o cristianismo é um adestramento e domesticação do tipo homem e a forma encontrada para levá-lo a cabo foi o adoecimento do animal homem.
Um experimento transvalorado que termina com uma sentença de condenação ao cristianismo e marca o êxito da transvaloração de seu autor.
Sobra a questão: Quem foi o
anticristo?
Nietzsche? o primeiro a transvalorar o cristianismo?
Paulo? Aquele que transformou a
boa nova na religião do ressentimento?
ou
Jesus? Aquele que, com sua vida, negou todos os valores defendidos pelo cristianismo?
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