Calmaria
(antonio prates)
"Calmaria"
No âmago da calmaria, Depois de noites ao luar... Nasce o sol em cada dia, Porque gosta de cá estar...
I Alentejo, belo e quente... Doce, seco e veraniço... É um poema castiço; Mãe e pai desta semente... Passa a vida calmamente, Crosta terna e tão vazia... O reflorir da pradaria, Que por si se manifesta... O silêncio em cada sesta No âmago da calmaria...
II Acalmada na lenteza, No piar de um trigueirão... Chafariz de inspiração Que nos vem da natureza... O retumbar da incerteza, Pelos campos a dançar... O ribeiro a germinar, Leva rumo a tal descanso... O esvoaço do picanço, Depois de noites ao luar...
III Cheiro a ermo de ventura, E de orgulho sempre vivo... Como o grande adjectivo, Que te rega a formosura... O que mostras na figura, É o espelho da maresia... Um aprazer de simpatia, Que se esvai na escuridão... E depois da mansidão, Nasce o sol em cada dia...
IV Bem vestido à sua imagem; Caprichoso e asseado... Como mundo ajardinado, Enfeitando esta mensagem... Manda gritos de coragem, Para o céu e para o ar... Como um puto a saltitar, Tem o sol por seu vizinho... Que se vai bem de mansinho, Porque gosta de cá estar...
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